11 de setembro de 2009

DEMOCRACIA BOLIVARIANA: PROCURADOR MILITAR INTERROGA JORNALISTA POR SETE HORAS (SEM ADVOGADO)

 Um jornalista venezuelano foi interrogado durante sete horas, sem a presença de um avogado, por um procurador militar que pretendia que ele revelasse as suas fontes - denunciou hoje(10) o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP).
A 3 de Setembro, "o jornalista Elígio Rojas, do diário Últimas Notícias, foi submetido a um interrogatório de 30 perguntas e quase sete horas de duração, pela Procuradoria Militar (...), que investiga uma alegada conspiração para derrubar o governo, chamada Plano Independência, sobre a qual ele escreveu uma reportagem publicada a 26 de Julho", refere o Sindicato.
O jornalista citou uma investigação iniciada contra um capitão do Exército, ex-chefe da contra-inteligência, acusado de "usurpação de funções, abuso de autoridade, insubordinação", entre outros delitos cometidos quando investigava o Plano Independência - refere o Sindicato.
De acordo com a mesma fonte, Elígio Rojas chegou à Procuradoria acompanhado por uma advogada mas foi informado de que a causídica "não podia estar presente durante o interrogatório", apesar da notificação o informar que deveria fazer-se acompanhar por um jurista.
O procurador argumentou que lhe foi entregue uma notificação de acusado e não de testemunha, afirmando-lhe: "És uma testemunha mas, se quizeres, acusamos-te".
As perguntas foram formuladas de modo a que o jornalista revelasse a identidade de quem lhe fornecera aquelas informações e se se tratava de fontes civis ou militares.
Pretendia-se ainda que o jornalista "interpretasse o significado das ilustrações que acompanharam o texto e outros pormenores sobre a reportagem", adianta o Sindicato.
O interrogatório decorreu "sob extrema tensão para o nosso colega, a quem só permitiram beber um café (...) e usar o telemóvel uma única vez".
O Sindicato "chama a atenção para a gravidade do ocorrido" e "condena o tratamento de desconsideração e evidentemente intimidatório" dado ao jornalista.
A organização de classe recorda que estes profissionais não podem ser pressionados a violar o Código de Ética Jornalística que determina que "o jornalista a quem a fonte peça para guardar em segredo a sua identidade, não a deverá revelar em nenhum caso e respeitará a decisão da fonte ante qualquer tipo de pressão".
"Em nenhum caso o jornalista deve revelar o segredo profissional", sublinha o Sindicato.
FPG.
EXPRESSO(Portugal)