De Eliane Cantanhêde:
Enquanto a Marinha comemora a entrada do Brasil, a partir de 2021, no seleto grupo de sete países que detêm submarinos convencionais e de propulsão nuclear (os próprios e a tecnologia para construí-los)...
Enquanto a Aeronáutica festeja a reta final do projeto FX-2 para renovar sua frota com 36 caças de última geração...
Enquanto se falam de R$ 22,5 bilhões para submarinos e helicópteros e de até R$ 10 bilhões para a compra dos aviões...
A quantas anda o Exército?
Na contramão de caças supersônicos e submarinos de propulsão nuclear, a Força Terrestre está iniciando amanhã um novo turno de trabalho.
Soldados e oficiais vão praticamente repetir a jornada semanal do Congresso. Não vão mais trabalhar nem na manhã de segunda, nem na tarde de sexta. Para fazer economia.
A decisão foi tomada e anunciada na Ordem do Dia pelo comandante, general Enzo Martins Peri, a partir de um dado objetivo: do Orçamento de cerca de R$ 2,4 bilhões para este ano, R$ 580 milhões estão contingenciados. Isso significa que existem virtualmente, mas não caem no caixa do Exército.
Na expressão de um oficial de quatro estrelas (máxima patente), o enxugamento da semana foi por um motivo de força maior: "Não tem comida para todo mundo".
Como não tem tanques, blindados, armas.
Se a Aeronáutica e a Marinha operam com sofisticada tecnologia e com equipamentos caríssimos, o Exército tem a sua força em algo bem mais prosaico: homens.
São de 180 mil a 190 mil soldados espalhados pelo país inteiro, de Norte a Sul. Em vez de propulsão nuclear, o que se discute ali é o custo das botinas, da gasolina, do rancho.
Mas, como ensinam os experts em estratégia, quem resolve a parada, na hora do aperto, ou da guerra, é a boa e velha Força Terrestre.
Vem chororô por aí.
FOLHA DE SÃO PAULO