Morte de militar ainda é mistério para família
Investigação sobre o caso ocorre sob sigilo no 23º BC, enquanto a família aguarda laudo que vai dizer a causa do óbito
Três semanas após a morte do aluno do Curso de Formação de Sargento (CFS) do Exército Brasileiro, Germano Leôncio de Oliveira Filho, 24, durante um treinamento no campo de instrução do Penedo, no Município de Maranguape (Região Metropolitana de Fortaleza), a família do rapaz não sabe ainda o que causou o óbito.
Tanto o Exército Brasileiro quanto a família do jovem aguardam a conclusão do laudo cadavérico, que deverá ser emitido pela equipe de legistas da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce). O corpo de Germano Filho foi necropsiado no Serviço de Verificação de Óbito (SVO) onde funciona, atualmente, a Coordenadoria de Medicina Legal (CML) da Pefoce.
"Estamos esperando, pois é o laudo que vai nos trazer algum esclarecimento sobre a morte do meu filho. Houve um compromisso do Exército com a família de nos informar alguma coisa tão logo o laudo seja concluído", disse Germano Oliveira, pai do jovem.
Compromisso
Em entrevista ao Diário do Nordeste, na manhã de ontem, o pai do aluno informou que os contatos entre a família e o Exército foram mantidos apenas por telefone, até o momento.
"Falamos com o setor de Relações Públicas do Exército (Décima Região Militar) e os oficiais nos repassaram todos os contatos para que possamos procurá-los, caso seja necessário. Além disso, se comprometeram a manter a família informada sobre qualquer fato novo que venha a surgir", contou o pai do rapaz.
O coronel Felipe Ribeiro, chefe do setor de Comunicação Social da 10ª RM, explicou que o procedimento instaurado desde o dia em que o corpo do jovem foi encontrado - 8 de outubro - um Inquérito Policial Militar (IPM), corre em caráter reservado.
"O sigilo é importante até para evitar especulações e que se crie expectativas, especialmente para a família do jovem. Além disso, o faz com que nada atrapalhe as investigações", ressaltou o oficial.
Segundo o coronel Felipe Ribeiro, o capitão Caracas, do 23º Batalhão de Caçadores, é quem está presidindo o procedimento, que tem o prazo de 40 dias - prorrogáveis por mais 20, se necessário - para ser concluído.
"Na mesma manhã em que o corpo do jovem foi encontrado, o oficial esteve lá no local tirando fotos, fazendo levantamentos importantes para a investigação", destacou. No mesmo dia, uma equipe da Coordenadoria de Criminalística (CC) da Pefoce também foi mobilizada para ir ao local da ocorrência. A perita Sônia da Silva informou que, quando chegou ao local, encontrou o corpo do militar num galpão. O cadáver já havia sido resgatado da Serra do Penedo, área, segundo o Exército, de difícil acesso.
Em rápida entrevista ao Diário, na saída do campo de treinamento, a perita revelou que uma agulha de seringa foi encontrada enfiada num dos coturnos do aluno. A família do rapaz garante que ele não usava nenhum tipo de droga. O cadáver já estava enrijecido.
No dia seguinte à localização do aluno, familiares dele vieram a Fortaleza e retiraram o corpo no necrotério do SVO após a sua devida liberação. O rapaz foi sepultado, com honras militares, em Sobral.
O aluno participava do último treinamento no Ceará e deveria, ainda este ano, ser transferido para o Rio de Janeiro, onde iria complementar o Curso de Formação de Sargento (CFS).
Inquérito
O promotor militar federal Alexandre Saraiva Leal, que representa o Ministério Público Federal em processos que apuram morte de integrantes das Forças Armadas em serviço, afirmou ao Diário, na manhã de ontem, que está aguardando a conclusão do Inquérito Policial Militar (IPM), em andamento no 23º BC, e o encaminhamento deste para a Procuradoria Militar Federal. Só então, ele se manifestará sobre o assunto.
FERNANDO RIBEIRO/NATHÁLIA LOBO
EDITOR/REPÓRTER