Iniciada no último dia 16, a “Operação Laçador”, que simula uma guerra fictícia entre dois países que disputam o controle do pré-sal e de uma “usina hidrelétrica binacional”, com características similares às de Itaipu, pode ser entendida como uma agressão brasileira ao Paraguai.
Foi o que opinou neste final de semana, em entrevista ao jornal La Nación, o historiador paraguaio Jorge Rubiani, que defendeu que o país deve denunciar o Brasil junto a instâncias internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), para evitar que situações similares repitam-se no futuro.
“Fiquei atônito”, afirmou Rubiani, relatando o momento em que soube, através da imprensa, que o Brasil simularia a tomada de uma usina binacional, a invasão territorial e a rápida rendição de um país que, por suas características, assemelha-se ao Paraguai. “Categoricamente, há aqui uma agressão”.
“Não, isto não é um fato normal. Isto é uma simulação de guerra, uma intimidação, para começar [...] É um ato de hostilidade [...] Se tivesse sido em outra época, teríamos respondido à provocação com outra provocação e teria sido acesa a faísca de uma nova guerra”, ponderou.
Rubiani opinou, ainda, que o silêncio das autoridades paraguaias sobre o tema deve-se, principalmente, à debilidade institucional do país e à carência de mecanismos de respostas a eventuais agressões contra a soberania territorial nacional.
“O Paraguai não tem nenhuma possibilidade de confrontação com o Brasil, nenhuma possibilidade de confrontação militar com nenhum país e não tem, e nem deveria ter, a vontade disso. Por isso chama a atenção que o Brasil apele a um ato de confrontação, quando sabe-se que é poderoso, superior”, assinalou.
O historiador citou, também, a “hostilidade” do Parlamento brasileiro em relação ao Paraguai, tendo como base opiniões negativas vertidas em relação aos crimes da região de fronteira. “Mas não é possível que o Paraguai arque com as culpas de problemas gerados no Brasil e na Argentina”, finalizou.