A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça poderia ter uma nobre tarefa: reconhecer a culpa do estado naqueles casos em que pessoas, já rendidas, foram torturadas ou mortas. Em vez disso, ela se transformou numa comissão de revisão torta da história e de distribuição de prebendas. Ontem, viveu o seu momento mais patético.
Os irmãos João Vicente e Denize Fontella Goulart, filhos do presidente João Goulart, vão receber, cada um!!!, R$ 244.800 (480 salários mínimos). Neusa, José Vicente e João Otávio, filhos de Leonel Brizola, serão indenizados, respectivamente, em R$ 153.000 (300 salários mínimos), R$ 107.100 (210 salários) e R$ 91.800 (180 salários). A coisa não parou por aí. Outros 11 filhos - E NETOS!!! - de pessoas que saíram do Brasil por causa do Regime Militar terão direito à indenização. Luiz Carlos Ribeiro Prestes, um dos filhos do líder comunista Luiz Carlos Prestes, receberá R$ 153 mil.
Jango, Brizola ou Prestes não foram “torturados” durante o regime militar. O caso do filho de Prestes, de certo modo, é o mais escandaloso politicamente, embora ele seja o mais “pobre” da turma. Quem torturou seu pai foi o primeiro governo de Getúlio Vargas. Prestes, bom comunista, não via grande problema nisso diante da “luta”, não é? Tanto é que saiu da cadeia e subiu no palanque de Getúlio porque entendeu que aquela era a melhor maneira de continuar a sua luta “antiimperialista?”.
Seu filho, agora indenizado, foi estudar na União Soviética, que Prestes entendia ser a verdadeira pátria da “nação proletária”, da qual ele fazia parte. Tanto é assim que foi estrela de um dos atos mais covardes da história republicana: a Intentona Comunista de 1935. Prestes perdoou Getúlio, que lhe desceu o sarrafo — “o que importa é a política, camarada!” —, mas seu filho não perdoa o regime militar, que não encostou num fio de cabelo do pai.
Já a indenização aos filhos de Jango e Brizola é só escárnio mesmo; nem traz o sabor especial da contradição política. Não sei como andam as finanças das duas famílias. Eram milionárias antes do golpe militar e seguiram sendo depois. O que quer que tenha acontecido com a fortuna de ambas não tem qualquer relação com o regime de 1964. Neusa, a Neusinha Brizola, até aproveitou a fama do pai governador para lançar sua carreira artística e posar de “maluca beleza”. Lembram-se da música “Mintchura”? E quem será indenizado pelas muitas ilegalidades cometidas por Jango e Brizola antes de 1964?
Publiquei aqui a lista das 130 pessoas mortas pelos terroristas de esquerda. Ninguém tem direito a indenização, é claro. Nesse grupo, há pelo menos 10 pessoas que foram mortas pelos próprios “companheiros”. E nesse caso? Cobrar reparação de quem?
É evidente que estamos diante da já bilionária indústria da anistia.