Brasil deve consolidar liderança na reconstrução do Haiti, dizem especialistas
A importância da atuação brasileira na missão de paz das Nações Unidas (ONU), que trabalha para dar estabilidade política e segurança social ao Haiti, deve crescer substancialmente depois do terremoto que abalou o país e devastou sua capital, Porto Príncipe. A expectativa é a de que o Brasil consolide sua liderança no processo de recuperação do país.
O General Armando Félix, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, disse ao iG que todos os esforços das tropas, agora, estão centrados na ajuda às vítimas da catástrofe. Mas explicou que a ajuda humanitária não faz parte das atribuições da força de paz.
“Uma coisa é o trabalho da força de paz no Haiti, centrado na questão da segurança, cujo mandato é outorgado pela ONU. Outra coisa é o auxílio humanitário. Mas, pela absoluta falta de quem faça, as tropas brasileiras estão fazendo.”
De acordo com Félix, existe a ideia de, agora, ampliar as atribuições da força de paz e permitir que, passado o período mais crítico, as tropas atuem oficialmente na reconstrução do país, inclusive com assistência humanitária. Mas tudo depende da concordância e aprovação das Nações Unidas. “O país deve propor a ampliação dessas atribuições para a ONU, que é quem dá as diretrizes da atuação”, afirmou.
Para Geraldo Cavagnari, especialista em estratégia militar do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp, na prática as missões de paz já levam consigo um componente humanitário. “Desde o dia em que a missão chegou ao Haiti, chegaram com ela médicos e dentistas. E foram montados hospitais de campanha, que atualmente estão sendo muito bem utilizados”, disse.
Líder da reconstrução
O professor acredita que a importância do trabalho brasileiro crescerá muito. “Provavelmente, o Brasil terá de comandar a missão de reconstruir o Haiti. Salvo alguma reviravolta, a ONU pressionará para que isso ocorra, principalmente por conta do excelente trabalho que foi feito naquele país”, atesta.
De acordo com o estrategista, os vértices do trabalho de recuperação do Haiti serão França, Estados Unidos e Brasil. “E o comando das operações será brasileiro.”
No ano passado, houve notícias de que o Brasil pretendia abrir mão da liderança da missão no Haiti. Segundo Geraldo Cavagnari, se isso era pouco provável naquela época, muito menos agora. “O Brasil formou uma tradição de participar com sucesso de missões e o ápice dessa boa atuação é o Haiti”, disse.
A primeira missão de paz da ONU que teve a participação de tropas brasileiras foi na chamada Crise do Canal de Suez, em 1956. A força foi criada para garantir um cessar fogo entre israelenses e árabes. Israel havia declarado guerra ao Egito por conta da nacionalização do canal de Suez e do fechamento do porto de Eilat. Com a intervenção internacional e reabertura do canal, Israel recuou e a ONU instalou a missão de paz para garantir a segurança local.
“Desde então, o Brasil vem atuando com brilho nas missões da ONU. E o Haiti consolidou essa atuação. Por isso, o país não abriria mão do comando da missão no Haiti. Todas as tropas, inclusive de outros países, estão sob comando brasileiro. Isso interessa estrategicamente ao país”, afirma Cavagnari.
O pesquisador da Unicamp afirma que, no Haiti, as tropas brasileiras fizeram um trabalho ímpar ao controlar, por exemplo, a maior favela do país, a Cité Soleil, “que é muito pior do que qualquer favela do Rio de Janeiro”. Com a destruição de presídios pelo terremoto, a fuga de criminosos e a violência inerente a essas catástrofes, o trabalho brasileiro é ainda mais necessário. Por isso, Cavagnari acredita que o Brasil ainda “liderará por muito tempo” a missão no Haiti.
ÚLTIMO SEGUNDO
O General Armando Félix, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, disse ao iG que todos os esforços das tropas, agora, estão centrados na ajuda às vítimas da catástrofe. Mas explicou que a ajuda humanitária não faz parte das atribuições da força de paz.
“Uma coisa é o trabalho da força de paz no Haiti, centrado na questão da segurança, cujo mandato é outorgado pela ONU. Outra coisa é o auxílio humanitário. Mas, pela absoluta falta de quem faça, as tropas brasileiras estão fazendo.”
De acordo com Félix, existe a ideia de, agora, ampliar as atribuições da força de paz e permitir que, passado o período mais crítico, as tropas atuem oficialmente na reconstrução do país, inclusive com assistência humanitária. Mas tudo depende da concordância e aprovação das Nações Unidas. “O país deve propor a ampliação dessas atribuições para a ONU, que é quem dá as diretrizes da atuação”, afirmou.
Para Geraldo Cavagnari, especialista em estratégia militar do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp, na prática as missões de paz já levam consigo um componente humanitário. “Desde o dia em que a missão chegou ao Haiti, chegaram com ela médicos e dentistas. E foram montados hospitais de campanha, que atualmente estão sendo muito bem utilizados”, disse.
Líder da reconstrução
O professor acredita que a importância do trabalho brasileiro crescerá muito. “Provavelmente, o Brasil terá de comandar a missão de reconstruir o Haiti. Salvo alguma reviravolta, a ONU pressionará para que isso ocorra, principalmente por conta do excelente trabalho que foi feito naquele país”, atesta.
De acordo com o estrategista, os vértices do trabalho de recuperação do Haiti serão França, Estados Unidos e Brasil. “E o comando das operações será brasileiro.”
No ano passado, houve notícias de que o Brasil pretendia abrir mão da liderança da missão no Haiti. Segundo Geraldo Cavagnari, se isso era pouco provável naquela época, muito menos agora. “O Brasil formou uma tradição de participar com sucesso de missões e o ápice dessa boa atuação é o Haiti”, disse.
A primeira missão de paz da ONU que teve a participação de tropas brasileiras foi na chamada Crise do Canal de Suez, em 1956. A força foi criada para garantir um cessar fogo entre israelenses e árabes. Israel havia declarado guerra ao Egito por conta da nacionalização do canal de Suez e do fechamento do porto de Eilat. Com a intervenção internacional e reabertura do canal, Israel recuou e a ONU instalou a missão de paz para garantir a segurança local.
“Desde então, o Brasil vem atuando com brilho nas missões da ONU. E o Haiti consolidou essa atuação. Por isso, o país não abriria mão do comando da missão no Haiti. Todas as tropas, inclusive de outros países, estão sob comando brasileiro. Isso interessa estrategicamente ao país”, afirma Cavagnari.
O pesquisador da Unicamp afirma que, no Haiti, as tropas brasileiras fizeram um trabalho ímpar ao controlar, por exemplo, a maior favela do país, a Cité Soleil, “que é muito pior do que qualquer favela do Rio de Janeiro”. Com a destruição de presídios pelo terremoto, a fuga de criminosos e a violência inerente a essas catástrofes, o trabalho brasileiro é ainda mais necessário. Por isso, Cavagnari acredita que o Brasil ainda “liderará por muito tempo” a missão no Haiti.
ÚLTIMO SEGUNDO