O ministro da Defesa, Nelson Jobim, declarou que as vítimas brasileiras do terremoto do Haiti podem chegar a 17. Além dos 14 militares e da médica Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, estariam entre os mortos o vice-representante da ONU no Haiti, o brasileiro Luiz Carlos da Costa, e uma outra pessoa que ele não identificou. Além disso, até o momento, oficialmente, há quatro desaparecidos.
Questionado sobre o porquê de estar contabilizando Costa entre os mortos sem que seu corpo tenha sido localizado, Jobim disse que falar em mortos é um eufemismo.
Segundo o ministro, os corpos dos 14 militares brasileiros mortos devem chegar ao Brasil no máximo até este domingo. “Tem que haver uma liberação por parte da ONU. Há toda uma burocracia considerando-se a questão dos seguros [indenizatórios], mas isso é rápido e os corpos devem chegar amanhã (16) ou no domingo”.
Nelson Jobim regressou do Haiti na madrugada desta sexta-feira dizendo ter ficado impressionado com a capacidade da população haitiana de resistir à dor. Ele afirmou que o Brasil continuará à frente dos trabalhos de auxílio às vítimas do terremoto que atingiu o país caribenho na terça-feira.
Para o ministro, o Brasil deve se manifestar solidário ao sofrimento haitiano e demonstrar quem tem capacidade de coordenar uma atuação organizada. “Não adianta fazer lamentações, mas sim demonstrar que temos capacidade de agir de forma organizada e racional. E não adianta querer fazer assistencialismo unilateral. O que tem que ser feito é o assistencialismo multilateral, em coordenação com o país, com a ONU [Organização das Nações Unidas] e com os outros países”, afirmou Jobim após desembarcar na Base Aérea de Brasília.
Durante o tempo que passou no Haiti, Jobim e integrantes da comitiva brasileira sobrevoaram Porto Príncipe e visitaram alguns dos principais pontos comprometidos ou destruídos pelo forte tremor de terra. Ontem os representantes brasileiros se reuniram com o presidente haitiano, Reneé Preval, a quem apresentaram algumas sugestões, como a de acelerar a abertura de covas para enterrar parte dos corpos já encontrados.
“Conseguimos pelo menos discutir uma certa racionalidade na condução [das buscas e do atendimento médico]. Ao chegarmos, eles estavam todos impactados”, disse Jobim, explicando que o Batalhão de Engenharia brasileiro deverá realizar o serviço para minimizar o mau cheiro exalado pelos corpos e evitar a propagação de doenças. “Já que os costumes locais não permitem que estrangeiros toquem em corpos de haitianos, a companhia de engenharia decidiu que irá contratar mão de obra local para isso.”
AGÊNCIA ESTADO