Exército quer combater o plantio de cocaína no lado brasileiro da fronteira
A região da ‘Cabeça do Cachorro’ está sendo amplamente monitorada para evitar a invasão
Álisson Castro . portal@d24am.com
A operação ‘Curare’ contou com três fases, sendo a primeira de concentração e inteligência e a segunda de patrulhamentos dos rios da região da ‘Cabeça do Cachorro’
São Gabriel da Cachoeira - A maior preocupação do Exército Brasileiro, na Amazônia, é que a região se transforme em área de produção de cocaína, afirmou o general de Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, do Comando Militar da Amazônia (CMA).
De acordo com o comandante do CMA, em países vizinhos, a coca está sendo plantada junto à faixa de fronteira e a preocupação é que o plantio passe para o lado brasileiro.
“A partir do momento que nos transformamos em produtores de cocaína, isto muda o status jurídico do País (em âmbito) internacional e atrai uma quantidade muito maior de organizações criminosas, de cartéis e aumenta, em muito, a capacidade de contaminação das instituições. Isto é a história e o exemplo que temos de outros países. Então, este tem sido, no que diz respeito ao narcotráfico, a nossa maior preocupação”, afirmou Villas Bôas.
Segundo ele, o Brasil é atualmente o segundo maior consumidor de cocaína do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e, por isto, a vigilância é constante para evitar plantações no País. “Recebemos fotos de satélite ou aéreas e estamos sempre monitorando. Se há uma clareira que a gente desconfia que possa haver algum plantio, imediatamente, pegamos um helicóptero e mandamos uma equipe para lá verificar”, afirmou.
O Exército já verificou uma plantação de coca na região do Alto Solimões, no município de Tabatinga, distante 1.106 quilômetros no oeste da capital, que faz fronteira com os países Colômbia e Peru. A plantação foi localizada em 2008, sendo destruída pelos militares com o apoio de policiais federais. A área plantada era de 2 hectares e estava localizada a cerca de 150 km da sede de Tabatinga, na calha do rio Javari.
“Aqui nestes rios o Exército é praticamente a única presença do Estado Brasileiro, então, é a única instituição com capacidade de fazer alguma fiscalização e também de suporte para que outras instituições possam apoiar”.
Recursos
Questionado se os recursos que o governo federal disponibiliza para o Exército são suficientes para atender as necessidades da região, o general é enfático: “`Precisamos de mais!” e complementa: “O exército tem sido crescentemente bem contemplado com recursos, justiça seja feita, o governo tem nos atendidos mas as demandas são crescentes, as necessidades vão aumentando muito. Então, isto é um trabalho que é feito sempre com vistas no orçamento (da União) e a gente vai sendo cada vez mais contemplado, mas precisamos mais”, ressaltou.
Na terça e quarta-feira, o general Villas Boas visitou três pelotões de fronteira em São Gabriel da Cachoeira, município distante 860 quilômetros de Manaus. Durante o encontro com os militares, ele reuniu com os comandantes dos pelotões e obteve informações sobre a realização da operação ‘Curare’, realizada entre os 16 de setembro e 25 de outubro pela 2ª Brigada de Infantaria de Selva (2º BIS), sediada em São Gabriel da Cachoeira, e que conta com apoio e meios do CMA.
A operação contou com três fases, sendo a primeira de concentração e inteligência, de 16 de setembro e 12 de outubro; e a segunda de escalada ao Pico da Neblina e salto de paraquedistas e patrulhamentos dos rios da região da ‘Cabeça do Cachorro’, onde estão localizados os municípios de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e parte de Barcelos.
De acordo com general Villas Bôas, o objetivo da operação visa coibir crimes na região da fronteira entre o Brasil, Colômbia e Venezuela. “Primeiro a operação objetiva o adestramento nosso, em segundo lugar visa ações de presença e apoio às populações ribeirinhas e, terceiro, inibir os ilícitos nesta região onde temos, principalmente, o garimpo ilegal”, frisou o comandante do CMA.
As ações da operação envolveram postos de fiscalização nos rios da região da ‘Cabeça do Cachorro’, além de reconhecimento feitos por água e pelo ar através de quatro helicópteros sendo dois modelos Cougar, um Pantera e um Black Hawk.
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