8 de novembro de 2013

Audiência pública: Forças Armadas pedem mais recursos para seus programas prioritários

Marcos Magalhães
Vários senadores defenderam mais investimentos nas Forças Armadas
Vários senadores defenderam mais investimentos nas Forças Armadas
Os comandantes da Aeronáutica, do Exército e da Marinha solicitaram nesta quinta-feira (7) aos membros das Comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado e da Câmara dos Deputados o apoio a emendas parlamentares que permitam a continuidade dos programas estratégicos das Forças Armadas. Eles querem garantir a inclusão, no Orçamento da União de 2014, dos recursos considerados minimamente necessários ao desenvolvimento de seus projetos prioritários.
Em sua exposição inicial a deputados e senadores, o secretário-geral do Ministério da Defesa, Ari Matos Cardoso, informou que a previsão total de recursos no projeto de Orçamento de 2014 para o ministério é de R$ 72,8 bilhões, o que significa 4,2% do total do Orçamento federal. A pasta ocupa a quarta posição na alocação de recursos, depois da Previdência, da Saúde e da Educação. Uma vez excluídos os gastos com pessoal, no entanto, a dotação cai para R$ 19,6 bilhões, ou 1,8% total do Orçamento. E, do total destinado à Defesa, apenas 11,6% são para novos investimentos.
Os representantes de cada força ressaltaram a diferença entre as suas necessidades e os valores incluídos no Orçamento. Em nota técnica enviada à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado, eles informaram que faltam na proposta orçamentária mais de R$ 13,6 bilhões para as três armas fazerem em 2014 "o mínimo necessário".
Considerando as pretensões iniciais dos comandos militares, as carências de recursos são ainda maiores. A Marinha deverá contar no ano que vem com R$ 5,5 bilhões, de acordo com o projeto orçamentário. Ela solicitou, porém, R$ 12 bilhões. O Exército pediu R$ 21,1 bilhões para 2014, mas poderá receber apenas R$ 5,8 bilhões, segundo o projeto. E a Aeronáutica, que havia pedido R$ 8,8 bilhões, foi contemplada com R$ 4,8 bilhões na proposta orçamentária.
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"Falta de prioridade"
As dificuldades financeiras das três forças levaram o presidente da CRE do Senado, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), a afirmar que os recursos previstos no projeto de Orçamento estão “aquém das necessidades básicas” das Forças Armadas. Ele defendeu o aumento das despesas com Defesa em 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) ao longo dos próximos dez anos, passando de 1,5% para 2% do PIB.
– Projetos de grande relevância para o futuro do país correm efetivamente perigo de ficarem pelo caminho devido ao crônico adiamento de recursos que parece caracterizar falta de prioridade. Os orçamentos militares são os primeiros a sofrer contingenciamentos, e projetos que levaram anos e décadas em planejamento carecem de aplicações financeiras – afirmou Ferraço, que copresidiu a reunião ao lado do deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), presidente da CRE da Câmara.
O comandante da Marinha, Julio Soares de Moura Neto, elogiou a inclusão de projetos prioritários da força no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mas solicitou acréscimo de R$ 550 milhões para o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), que permitirá ao Brasil contar com submarinos de propulsão nuclear. Ele informou ainda que a Marinha precisa de 27 navios-patrulha para manter sob permanente vigilância as três mais importantes bacias de petróleo da plataforma continental.
O Exército também solicitou apoio a três programas incluídos no PAC: o Sistema de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), o míssil Astros 2020, considerado um “produto de defesa com elevada capacidade de dissuasão” e o blindado Guarani. O comandante da força, general Enzo Martins Peri, concordou com a necessidade de desenvolvimento tecnológico mencionada durante a audiência pelo senador Luis Henrique (PMDB-SC), que citou a utilização pela indústria civil, a princípio nos Estados Unidos e depois também no Brasil, de conhecimentos desenvolvidos pelos militares.
– O hiato tecnológico existe e é crescente, e a alocação de recursos para projetos estratégicos poderá permitir diminuir esse hiato. Não tem outra alternativa. O desenvolvimento tecnológico começa no atendimento das necessidades de defesa – afirmou Peri.
O comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, citou entre as prioridades da força o desenvolvimento do avião de transporte militar KC 390, cujo primeiro protótipo deverá voar ao final de 2014. Ele solicitou aos parlamentares a apresentação de emendas que garantam mais R$ 130 milhões, no próximo ano, a esse programa, que considerou “importantíssimo para a indústria brasileira”.
Durante o debate, o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) disse que a CRE deverá desenvolver os melhores esforços “para aumentar a capacidade financeira das Forças Armadas”. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) pediu que o Sisfron, atualmente presente apenas no Mato Grosso do Sul, chegue em breve à região amazônica. O senador Sérgio Petecão (PSD-AC) alertou para o tráfico de drogas na fronteira do Acre com o Peru e a Bolívia e ressaltou a necessidade de as Forças Armadas contarem com lanchas mais velozes para combater o tráfico nos rios da Amazônia. Por sua vez, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) elogiou a preparação profissional dos integrantes das Forças Armadas e lembrou que os soldados deverão ser cada vez mais preparados para lidar com as armas inteligentes do futuro.
Agência Senado/montedo.com