Agilidade e baixo custo levaram o Planalto a escolher o Exército para executar vários projetos em todo o país
Sílvio Ribas
A presidente Dilma Rousseff se convenceu de que o Exército tem a maior experiência e a mais avançada tecnologia para servir de modelo em todas as investidas do setor público na área de infraestrutura. Após liderar e sustentar o ritmomon de 16 importantes projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a instituição foi convocada pela “comandante suprema das Forças Armadas” para uma tarefa mais audaciosa. Ela quer que os engenheiros militares estabeleçam o padrão gerencial de planejamento e de execução de obras. Esse esforço estará completo no lançamento de portal na internet dedicado ao tema, até 2015.
A meta é fazer com que todos os empreendimentos federais atinjam o mesmo patamar de eficiência, economia e rapidez obtido pelas tropas nos canteiros, cujos convênios despertam grande interesse. Hoje, 20 projetos estão nas mãos dos 12 batatelhões de engenharia espalhados por todo o território nacional, orçados em R$ 1,2 bilhão. “O nosso desempenho e o nosso custo não podem ser comparados aos das empreiteiras privadas, pois temos muitas diferenças em relação a elas. Os militares encaram as obras não como negócio, mas como missão”, pondera o general Joaquim Brandão, chefe do Departamento de Engenharia e Construção (DEC).
Criada em 1880, a divisão que ocupa o terceirodo piso de um dos prédios do quartel-general do Exército, no Setor Militar Urbano de Brasília, comanda 15 mil militares em todas as regiões do país, seja como executora ou como gestora de obras, ou mesmo em ambas as funções. Uma nova competência é a de consultoria em projetos, como a dada ao Ministério Público da União na avaliação de edificações. Sem perseguir o lucro, suas atividades têm como base acadêmica o Instituto Militar de Engenharia (IME), formador de nível superior, localizado no Rio de Janeiro.
Brandão conta que, por meio de parcerias tecnológicas com empresas e centros de pesquisa, o IME consegue se manter atualizado e até gera inovações. “Os próprios projetos dos quais participamos servem não só para contribuir com o desenvolvimento do país e complementar a ação do governo, mas também para treinar nosso pessoal”, acrescenta. Isso porque a capacidade de construir do Exército serve ao propósito de agir com presteza em tempos de guerra, restaurando edificações ou abrindo novas ligações terrestres.
Produtividade É por essas razões que ele admite a possibilidade de nem sempre a produtividade das equipes do DEC figurar acima da iniciativa privada. “Temos o diferencial de o custo da mão de obra não estar incorporado ao orçamento final, além do uso de equipamentos próprios e de uma disponibilidade para continuar trabalhando sem interrupções”, salienta o general. “Para uma obra tocada por militares parar é preciso ter ocorrido um fenômeno gravíssimo”, reforça, lembrando que o recrutamento de pessoal local integra o papel social da instituição, de qualificar profissionais fora de seus quadros.
Rigor técnico
Em parceria com a multinacional norte-americana Autodesk e contando com uma mão de obra aplicada, especializada e de
cobertura nacional, o Exército planeja dar ainda mais rigor técnico aos seus serviços, realizados em até mil quilômetros de distância da base. Temas como preservação ambiental e equilíbrio financeiro passaram também a ser alvos permanentes.
Em paralelo, o DEC e outros órgãos da instituição investem no controle de dados para gerenciar não só o trabalho nos canteiros, mas também equipamentos, compras e planos de manutenção e de demolição de edificações.
ESTADO DE MINAS/montedo.com