Flagrado mais uma vez em voo da FAB sem agenda de trabalho, Renan anunciou economia de R$ 275 milhões no Senado em 2013, mas dados orçamentários mostram que a conta subiu
Enrolado em mais um caso de voo com avião da Força Aérea Brasileira (FAB) sem agenda de trabalho, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), concluiu 2013 fazendo um balanço das atividades legislativas em que destacou “uma economia de R$ 275 milhões” feita pela Casa apenas este ano. Em ofício endereçado à presidente Dilma Rousseff, Renan chega a afirmar que devolverá os recursos e sugere, inclusive, a aplicação do montante em programas sociais. Porém, números do próprio Senado, da base de dados do Siga Brasil, mostram que, ao contrário do anúncio entusiasmado de Renan no plenário na última quinta-feira, o órgão acelerou as despesas em relação a 2012.
O Siga Brasil aponta que o Senado gastou R$ 2.732.438.104,39 entre fevereiro (mês em que Renan assumiu a presidência) e novembro (último mês encerrado) deste ano. O valor é R$ 23,4 milhões superior aos R$ 2.709.042.317,27 desembolsados no mesmo período de 2012. O cálculo leva em conta tudo que foi pago pelo órgão, incluindo os restos a pagar quitados. O aumento se deu principalmente com o pagamento de pessoal e encargos sociais, que inclui os salários dos parlamentares, dos servidores e dos comissionados.
“Sem prejuízo das rotinas da Casa, ultrapassamos a meta e alcançamos uma economia de R$ 275 milhões, número consolidado para o ano de 2013 (...). Os recursos que ora devolvemos são suficientes para a construção de 180 creches ou para o pagamento anual de 241 mil bolsas famílias”, disse o cacique peemedebista. Após o discurso, ele ganhou elogios de companheiros de partido como Romero Jucá (RR) e Lobão Filho (MA).
Os dados são favoráveis a Renan apenas quando o assunto é terceirização. “Cancelamos ou reduzimos os valores de contratos com terceirização de mão de obra. Sete contratos sofreram redução de valores, e outros dois foram completamente extintos”, disse. De fato, houve uma economia com o pagamento de terceiros no valor de R$ 13,2 milhões. O montante caiu de R$ 407,1 milhões para R$ 393,9 milhões. No total, o Senado tinha dotação prevista de quase R$ 3,7 bilhões para os 12 meses deste ano. É o maio valor já autorizado para a instituição nos últimos anos.
Procurada ontem pelo Correio, a assessoria da Presidência do Senado não se manifestou sobre o aumento de despesas constatado a partir do próprio banco de dados da Casa.
Cirurgia
Hoje, Renan deve fazer consulta formal à FAB para saber se a viagem que fez de Brasília ao Recife na última quarta-feira foi regular. O peemedebista se submeteu a uma cirurgia de implante de 10 mil fios de cabelo na capital pernambucana, conforme divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo. Caso a FAB afirme que o deslocamento foi irregular, já que Renan não teve agenda oficial de trabalho no Recife, ele deve reembolsar os custos da viagem aos cofres públicos.
Em junho deste ano, ele já havia usado aeronave da FAB para assuntos particulares e teve de reembolsar a União em R$ 32 mil, após a péssima repercussão do episódio. Na ocasião, ele foi a um casamento da filha do senador Eduardo Braga (PMDB-AM) em Trancoso (BA).
Correio Braziliense/montedo.com