30 de janeiro de 2014

Rússia: novo programa de recrutamento dará patente militar durante curso universitário

Estudantes na reserva militar
O novo programa de recrutamento para o Exército da Rússia permitirá a todos os estudantes conseguir uma patente militar durante o curso universitário.
Estudantes na reserva militar
Foto: O.Balachova /Assessoria de imprensa do Ministério da Defesa da Rússia
Víktor Litóvkin, especial para Gazeta Russa
Exame substitui serviço militar
Hoje em dia, apenas os jovens que estudam em estabelecimentos com departamentos militares ou faculdades militares têm a possibilidade de ter preparação militar, com atribuição da patente de oficial e passagem à reserva.
No entanto, nem todos os institutos superiores possuem tais departamentos ou faculdades. No total, são 72 em toda a Rússia, o que corresponde a 7% do número dos estabelecimentos de ensino superior. Estes aceitam, todos os anos, cerca de 550 mil calouros, dos quais só 10% farão o serviço militar. O Exército da Rússia tem um déficit de pessoal de 17,3%. Caso haja um conflito militar considerável ou uma guerra, chegarão à frente de batalha jovens sem conhecimentos teóricos nem práticos.
A preparação dos futuros reservistas das Forças Armadas se aproximará da escolha do respectivo curso superior. Cada formando de um departamento militar ou de um centro interinstitucional, após os estudos teóricos, fará, no penúltimo verão, três meses de exercícios de campo, durante os quais participará de treinamentos conforme a especialidade.
Depois disso, fará um exame de acordo com a patente militar a ser recebida. Quem for reprovado fará parte da tropa regular, enquanto os demais receberão o título militar sem passarem pelo treinamento de recruta.
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“Este sistema permitirá preparar o número necessário de reservistas, de acordo com as especialidades necessárias, sem que tenham de servir nas Forças Armadas”, afirmou o presidente Vladímir Pútin, ao comentar o programa.

Soldado por um dia
Mas como isso será concretizado, se na Rússia há cidades e até regiões possuindo apenas um departamento militar em um território equivalente ao da França ou da Alemanha? A solução é criar centros interinstitucionais de preparação militar que abrangerão universidades e institutos superiores mais próximos. Estes centros se aproveitarão do potencial didático e material dos institutos ou unidades militares existentes nos respectivos territórios.
Os horários dos estudantes seguirão o chamado “dia militar”. De manhã, envergarão uniformes militares e apanharão trens ou ônibus para chegarem ao centro interinstitucional. Depois de oito horas de aulas, com intervalo para almoço, tomarão o caminho de volta. Uma semana depois, outra viagem igual. Será assim que os estudantes vão se familiarizar com todos os tipos de armamentos e veículos militares.
Este modelo de formação dos futuros oficiais e sargentos da reserva deverá começar nos departamentos militares no dia 1º de setembro. Um ano depois, entrarão em funcionamento os centros de formação militar, enquanto as filiais dos centros interinstitucionais de preparação militar abrirão em 1º de setembro de 2016, com base nas unidades militares existentes.

Prós e contras
Os benefícios para o Exército deste sistema de preparação são bem claros. Já as vantagens para os próprios estudantes parecem, por enquanto, não ser muitas. Uma delas é fazer a formação, os exercícios de campo, as provas de qualificação e o exame junto com seus colegas de curso, e não entre pessoas desconhecidas da tropa.
Outro benefício que não deixa de ser importante: quando os ex-estudantes, após receberem as respectivas patentes, começarem a trabalhar, por exemplo, como funcionários públicos, ninguém poderá acusá-los de terem se esquivado do serviço militar obrigatório.
No entanto, nada foi dito ainda sobre o destino dos futuros tenentes, sargentos e soldados na reserva com curso superior. Para manterem certo nível de conhecimentos e aptidões no âmbito das especialidades militares adquiridas, deveriam passar por exercícios de campo com duração de pelo menos três a quatro semanas, uma vez a cada ano e meio. Sem isto, os investimentos jurídicos, pedagógicos, financeiros e outros serão em vão. Sem um sistema sério de preparação e formação continuada dos reservistas, a instrução dos estudantes é só meio caminho andado.
Gazeta Russa/montedo.com