26 de março de 2014

Militares: Desqualificando o opositor


Usa conhecida tática da esquerda, que é a de desqualificar o interlocutor



ONOFRE RIBEIRO
Já disse aqui neste espaço e me convenço cada dia mais que existe no Brasil um clima de conspiração, não para derrubar o governo, mas para construir uma oposição capaz de produzir as transformações que 60% da população vem manifestando desde os movimentos de ruas iniciados em junho do ano passado.
"Conspiraram em 1922, em 1930, em 1945, em 1954, em 1956, em 1961, em 1964 e, finalmente, tomaram o poder nesse ano. Governaram por 21 anos e saíram em paz, mas deixando um rastro de contradições"
Nos quartéis militares há, de fato, um movimento de indignação muito mais do que um movimento de conspiração no sentido literal do termo. Ainda que tenham deixado o governo em 1985, profundamente desgastados, os militares construíram uma história política no Brasil desde a proclamação da República. Conspiraram em 1922, em 1930, em 1945, em 1954, em 1956, em 1961, em 1964 e, finalmente, tomaram o poder nesse ano. Governaram por 21 anos e saíram em paz, mas deixando um rastro de contradições.
Visto hoje, 20 anos depois, prevalecem as versões que ganharem mais forças. Neste momento há um esforço muito grande do governo pra denegrir completamente e desqualificar os militares. Pior. Não porque eles foram governo naquela época. Mas porque eles possuem uma massa crítica que pode ser politizada devido ao sistema de hierarquia e de disciplina. O governo está se esforçando pra desmontar toda a imagem do período por essa razão: matar a cobra no ninho, ou seja, nos quartéis.
Está usando a conhecida tática da esquerda, que é a de desqualificar o interlocutor, tirando o foco da essência e discutindo só a periferia do fato. Os militares erraram feio na questão democrática, mas acertaram muito na questão do desenvolvimento e da interiorização do país. A eles devemos, aqui no Cerntro-Oeste, a continuidade do espírito de interiorizar o Brasil, iniciado pelo governo JK, no final da década de 1950.
Questionar é justo e necessário, mas desqualificar por medo ideológico da forma como o governo está fazendo, é desqualificar a própria História tentando impor uma versão de conveniência.
Agora, que há no país um clima de conspiração por mudanças, isso há, e os militares tem experiência de organização. Ninguém está querendo derrubar governo porque vivemos num estado de direito democrático. Agora que o trem tá feio, disso não resta a menor dúvida. A sociedade quer mudanças que o governo não pode oferecer. Conspirar nesse caso quer dizer dar início a um processo de oposição que pode se espalhar por toda a sociedade. Então, o governo está com medo dos militares. Vai desqualificar a sociedade inteira? Devia ter medo da sociedade brasileira!
MídiaNews/montedo.com