19 de agosto de 2017

Bandas militares se tornam populares e tocam até funk

Apresentações vão além do quartel e ocupam praças e shoppings. Por ano, escola de sargentos do Rio forma 80 novos músicos
Além de seis horas por dia de aulas musicais, os militares das bandas ainda treinam marchas e cumprem as cargas de exercícios físicos - Márcio Mercante / Agência O Dia
FRANCISCO EDSON ALVES
Rio - Destinadas a elevar a moral das tropas, as bandas de música militares, que costumavam se apresentar fora dos quartéis do Exército apenas em datas especiais, como no feriado de 7 de setembro, estão ditando novos ritmos em suas rotinas. Os grupos passaram a aceitar mulheres nas formações, a gravar CDs e DVDs e a bombar na internet. As apresentações ultrapassaram a fronteira militar e, com frequência, as bandas são vistas em praças e shoppings. O repertório é versátil: desde hinos de clubes de futebol até pop rock, samba e funk.
As unidades do Rio de Janeiro, subordinadas ao Comando Militar do Leste (CML), assim como na Amazônia, são as que mais têm grupamentos musicais no Brasil, com dez bandas e uma fanfarra. Sob a batuta do coronel Robson Fontes, comandante da Escola de Sargentos de Logística, em Deodoro— única do país que forma, desde 2011, pelo menos 80 novos músicos anualmente—, as bandas têm sua tradição assegurada, ao contrário das civis, que ficararam escassas.
“O aumentando da interação com o público em geral, tem sido uma experiência maravilhosa”, atestou Robson, citando como exemplo, o projeto Banda no Palácio, que toda última quinta-feira do mês, na escadaria do Palácio Duque de Caxias, no Centro, atrai centenas de pessoas. As bandas são divididas em seis categorias, conforme tamanho. As maiores chegam a ter mais de 120 integrantes e 30 tipos de instrumentos.
A carioca Taianna da Silveira, 26 anos, foi uma das que passou no concorrido concurso. “É a realização de um encantamento infantil”, contou Taianna, que, depois de 1 ano e 8 meses, tempo da especialização, vai se juntar, com mais seis colegas, ao seleto grupo de mulheres musicistas. Desde 2015, ano em que o Exército passou a admitir o sexo feminino, já são 17 integrantes.
“A rotina é puxada, mas é exatamente como sonhei”, definiu o aluno da banda de Escola de Sargentos de Deodoro, Luis Costa, 24 anos.

Incentivo de veteranos
As bandas militares guardam grandes patrimônios em sua formação, como o mestre em contrabaixo, trompa e bombardino, o capitão José Santiago, de 68 anos; o tenente Elias dos Santos, 59, do trombone, e o capitão Valdecy Ladeira, 60, craque na clarineta.
“Eles são a alma das bandas”, declarou o instrutor Paulo Pinheiro. Para ingressar no grupo, o aluno passa por testes físicos, psicológicos e de conhecimentos musicais. As bandas são na capital, Niterói, Petrópolis e Resende. Todos os músicos ganham a patente de terceiro sargento.
Músicos mais velhos são inspiração para novos alunos da unidade - Márcio Mercante / Agência O Dia
“As bandas aproximam o público civil do militar e são excelentes fatores de desenvolvimento cultural e artístico”, destacou o historiador Florêncio Lima, em seu livro ‘Elementos fundamentasis da música’. De acordo com Lima, na Guerra da Tríplice Aliança, os chamados ‘guerreiros do som’ foram destaques. A programação das bandas militares está disponível em www.esslog.ensino.eb.br.
O DIA/montedo.com