23 de novembro de 2017

Deserção dramática de um soldado norte-coreano sob fogo ‘amigo’

COREIA DO NORTE
Militar que fugiu para o sul no dia 13 de novembro ficou gravemente ferido

Um vídeo revelado nesta quarta-feira pelo Comando das Nações Unidas na Coreia (UNC) mostra como um soldado norte-coreano desertou e fugiu para a Coreia do Sul enquanto era perseguido a tiros por aqueles que até então eram seus companheiros de armas. Imagens da deserção, que aconteceu no dia 13 de novembro, mostram o fugitivo correndo pela “zona comum de segurança” (JSA) em Panmunjom, o único setor da zona desmilitarizada onde os dois exércitos rivais estão frente a frente. Até 40 tiros foram disparados no fugitivo.
O vídeo mostra primeiro como o jipe dirigido pelo desertor avança velozmente pela estrada vazia que leva à cidade fronteiriça de Panmunjom, antes de parar diante da linha de demarcação. O militar sai do veículo e começa a correr, perseguido por vários soldados norte-coreanos que atiram.
Nas imagens de videovigilância divulgadas pelo UNC, se vê como vários soldados norte-coreanos perseguem o desertor e atiraram até 40 vezes em sua direção. Um deles chega a cruzar a linha de demarcação militar (LDM) com a Coreia do Sul, violando assim o acordo de armistício de 1953. Depois de alguns passos, hesita e retorna ao Norte. Três soldados sul-coreanos se aproximam, arrastando o militar ferido para atendê-lo.
O coronel Chad Carroll, porta-voz do UNC, disse aos jornalistas que as imagens mostraram um guarda “que corria por alguns segundos além da LDM antes de retornar ao Norte”. A força das Nações Unidas pediu “uma reunião para iniciar uma investigação e também para adotar medidas para impedir tais violações no futuro”, acrescentou, referindo-se à violação do acordo de armistício de 1953.
Em junho, dois soldados norte-coreanos já haviam cruzado a zona desmilitarizada para desertar, com apenas 10 dias de intervalo, mas é muito raro que aconteça uma deserção na JSA. Com uma média de mais de 1.000 norte-coreanos desertando para a Coreia do Sul a cada ano, a maioria das pessoas que fogem do país o faz através da China e não se atrevem a atravessar a fronteira entre as duas Coreias por ser uma área de alta segurança, protegida com arame farpado e campos minados.
A faixa desmilitarizada é uma linha de quatro quilômetros de largura que corre ao longo da fronteira entre os dois países, que tecnicamente permanecem em guerra porque terminaram o conflito travado entre 1950 e 1953 com uma trégua e não com um tratado de paz.
EL PAÍS/montedo.com