18 de janeiro de 2018

Acusado de atirar em foliões durante festa de carnaval, cabo do Exército alega legítima defesa

Cabo do Exército que atirou em foliões se apresenta no 1º DP e alega legítima defesa
Cabo Wanderson Fonseca
Flash Yala Sena
yalasena@cidadeverde.com
Teresina (PI) - O cabo do Exército Wanderson Lima Fonseca se apresentou na manhã desta terça-feira (16) no 1º Distrito, no Centro de Teresina. Ele estava acompanhada de seu advogado.
Wanderson é suspeito de atirar contra foliões no último sábado durante a Banda Bandida, prévia carnavalesca. Um vídeo [veja abaixo] gravado no dia da confusão mostra uma pessoa baleada e o desespero de quem estava na festa. O oficial [militar] estava foragido após a decretação da prisão preventiva.
O gerente de Policiamento Metropolitano da Polícia Civil, Lucy Keiko, pegou o depoimento do cabo. Wanderson confessou que fez os disparos e alega legítima defesa. Ele informou que uma pessoa de nome "Paulo" teria lhe agredido por mais de uma vez.
A arma usada foi uma pistola 380 e não foi encontrada. A polícia achou no veículo do cabo um carregador da pistola que é de propriedade do cabo.
Durante apresentação, o oficial [militar] entregou um documento de que teria autorização para usar a arma. A polícia analisa a documentação.

Depoimento
“Ele nega que tenha começado a briga e não apresentou a arma usada no crime”, informou a delegada Valéria Cunha sobre os detalhes do depoimento do cabo do Exército, Wanderson Lima Fonseca, de 25 anos, que já está recluso no 2º Batalhão de Engenharia de Construção (2º BEC) aguardando os fins da investigação. Ele está preso preventivamente. Durante o depoimento, Wanderson não justificou a demora em se apresentar à polícia.
“O cabo confessou que efetuou os disparos. Disse que teve uma discussão com Paulo, e que esse Paulo queria agredir ainda fora da festa. Dentro da festa, ele teria continuado a agredir foi então que disparou. Ele disse que só disparou na perda, mirou nas pernas, e desconhece que tenha atingido outras pessoas”, declarou à delegada.
Wanderson, que está no sétimo ano de cabo no Exército, disse que estava armado na festa porque estava com receio de deixar em casa ou no carro e ser roubado. “
Em seu depoimento, Wanderson disse que em nenhum momento entregou a arma para seu amigo, Francisco Felipe Marques, que também está preso. Felipe, conhecido como “peixe”, foi preso em flagrante e já teve sua prisão convertida em preventiva. Ele passou por audiência de Custódia no domingo (14).
“Ele disse que a mulher estava viajando e teve que sair armado. Como o carro ficou muito distante e em um local escuro preferiu ficar com ela e entrar na festa armado”, contou a delegada.
Valéria Cunha informou ainda que possui dez dias para concluir o procedimento, apurar as informações e analisar como enquadrará tanto o cabo do Exército como o “Peixe” nessa tentativa de homicídio e disparo de arma de fogo em meio a multidão, pois, no momento do tiroteio, centenas de pessoas participam da Banda Bandida, que já é uma festa carnavalesca tradicional em Teresina.
Das três vítimas do tiroteio, duas já receberam alta e depoimentos à polícia. A terceira vítima, que é o Paulo Roberto Rodrigues, encontra-se internado em estafo grave, porém estável, no Hospital de Urgência de Teresina.

Processo Administrativo
Em paralelo a investigação policial, o 2º BEC instaurou um processo administrativo para apurar a conduta do militar. Uma das consequências que o cabo poderá sofrer é a perda farda.
Em nota, o Batalhão declarou que está apoiando as autoridades policiais para a elucidação do caso e destacou que “não compactua com qualquer tipo de ato de violência, repudiando veementemente fatos desabonadores da ética e da moral, que devem estar presentes na conduta de todos os seus integrantes”.

Confira a nota na íntegra
Nota à Imprensa
Em relação aos fatos dos quais é acusado o Cabo WANDERSON LIMA FONSECA, deste Batalhão, informamos que está sendo instaurado processo administrativo para apurar a conduta do militar, e que o 2º Batalhão de Engenharia de Construção está apoiando as autoridades policiais para a elucidação do caso.
Cabe ressaltar que o ocorrido, mesmo tendo o envolvimento de um militar, trata-se de um crime comum, sendo tratado na esfera da justiça comum.
Informamos, ainda, que até o momento, o militar não se apresentou nesta Unidade, pois encontra-se em gozo de férias. Caso o Cabo Wanderson venha a ser detido, ele ficará preso em unidade prisional do Exército Brasileiro, à disposição da Justiça do Estado do Piauí.
Cumpre destacar que o 2º Batalhão de Engenharia de Construção não compactua com qualquer tipo de ato de violência, repudiando veementemente fatos desabonadores da ética e da moral, que devem estar presentes na conduta de todos os seus integrantes.
Teresina, 16 de janeiro de 2018.
Comando do 2º Batalhão de Engenharia de Construção
CIDADE VERDE/montedo.com