Esta sexta-feira, 16, tinha tudo para ser um dia de comemoração para cinco famílias de recrutas, com a entrega da boina, um dos ritos mais tradicionais do Exército Brasileiro, e que sucede os exercícios de guerra de mesmo nome.
Mas a Operação Boina — quatro dias de intenso treinamento dentro da floresta –, como parte do serviço militar de um ano, não foi uma experiência gratificante para os soldados Mendes, Mateus, Bruno Lima, Alisson e Cleiton. Os cinco soldados do 7º Batalhão de Engenharia e Construção, o 7º BEC, entraram em convulsão, quando participavam dos últimos treinamentos, em uma área de mata do município de Senador Guiomard (25 quilômetros de Rio Branco), na tarde desta quinta-feira, 15.
Os recrutas foram levados para o Hospital Geral de Senador Guiomard, apresentando contrações involuntárias, febre e reações de instabilidade emocional. Os soldados faziam parte de uma tropa de 92 soldados que participavam do último dia de exercícios da Operação. Um deles, o mais estável, afirmou que tiveram que caminhar 12 quilômetros pela BR-317, em meio ao sol da tarde, o que pode ter causado insolação.
Eles deram entrada no hospital de Senador Guiomard por volta das 16 horas, e às 19 horas, os três foram encaminhados ao Hospital de Base de Rio Branco, em ambulância do Serviço Móvel de Urgência e de Emergência, o Samu. Segundo informou o capitão Júlio André, oficial de Comunicação do 7º BEC, a marcha é o último exercício da Operação e eles estavam retornando à base quando o incidente aconteceu.
“Trata-se de um período de instrução que eles passam no quartel, mas o calor extremo que fez em Rio Branco acabou causando isso”, afirmou o capitão. O modo como as vítimas foram conduzidas para o hospital gerou revolta em alguns funcionários do Hospital de Senador Guiomard. “Um deles foi trazido na “gravata” por um sargento moreno alto e que dispensou maca”, denunciou uma funcionária do hospital.
“Se houve alguma coisa desse tipo, cadê os nomes das pessoas que estão dizendo isso?”, perguntou o oficial da Comunicação, ao que prontamente a reportagem respondeu que mesmo que tivessem os nomes eles não seriam fornecidos.
“Se houve isso é preciso que alguém denuncie para que possamos puxar a orelha”, rebateu o representante do 7º BEC.
Na manhã desta sexta-feira, 16, as famílias dos soldados eram aguardadas no quartel para a entrega de suas boinas.
Corpo médico questiona tratamento dispensado pelo Exército
Quem viu os cinco soldados chegarem ao hospital pôde observar que além da instrução, os oficias e as praças mais graduadas costumam extrapolar as ações de subserviência ao Exército Brasileiro, para além dos campos de treinamentos. A impressão de quem estava no hospital é a de que a pressão psicológica combinada à exaustão física causou danos severos, em especial, a dois deles.
“Ta bom, ta bom (gritos e choro)”, gritava um deles, enquanto era contido por enfermeiros. O recruta se debatia dentro da ambulância e prosseguia: “tem que ter um final, tem que ter um final!”
Já dentro da ambulância, o recruta delirante gritava: “Eu tenho que terminar, eu tenho que terminar”, seguido de muito choro. Uma enfermeira chamada para auxiliar na imobilização do soldado responde: “Você já foi liberado”. “Não, eu na fui, não fui”, (mais choro).
Uma assistente de enfermagem chegou a chorar diante do que ela classificou de humilhação e desrespeito por parte do comando da operação. “Um sargento chegou com um desses rapazes na ‘gravata’. Ele o pegou pelo pescoço e o arrastou lá para dentro”, narra.
“Ofereci uma maca, mas o cara, que eu acho que é um sargento, me disse: não, não precisa de maca coisa nenhuma”. Segundo o médico Lúcio Fernandes de Souza, os cinco recrutas chegaram apresentando sinais de desidratação. Mas dois deles estavam estáveis.
“Pelo que vemos preliminarmente é que eles estão desidratados e apresentam distúrbios neurológicos graves. Não sei até que ponto isso pode ser reversível”. O médico acompanhou a remoção dos recrutas para Rio Branco.
FONTE: Gazeta.net
COLABOROU: João Henrique
Mas a Operação Boina — quatro dias de intenso treinamento dentro da floresta –, como parte do serviço militar de um ano, não foi uma experiência gratificante para os soldados Mendes, Mateus, Bruno Lima, Alisson e Cleiton. Os cinco soldados do 7º Batalhão de Engenharia e Construção, o 7º BEC, entraram em convulsão, quando participavam dos últimos treinamentos, em uma área de mata do município de Senador Guiomard (25 quilômetros de Rio Branco), na tarde desta quinta-feira, 15.
Os recrutas foram levados para o Hospital Geral de Senador Guiomard, apresentando contrações involuntárias, febre e reações de instabilidade emocional. Os soldados faziam parte de uma tropa de 92 soldados que participavam do último dia de exercícios da Operação. Um deles, o mais estável, afirmou que tiveram que caminhar 12 quilômetros pela BR-317, em meio ao sol da tarde, o que pode ter causado insolação.
Eles deram entrada no hospital de Senador Guiomard por volta das 16 horas, e às 19 horas, os três foram encaminhados ao Hospital de Base de Rio Branco, em ambulância do Serviço Móvel de Urgência e de Emergência, o Samu. Segundo informou o capitão Júlio André, oficial de Comunicação do 7º BEC, a marcha é o último exercício da Operação e eles estavam retornando à base quando o incidente aconteceu.
“Trata-se de um período de instrução que eles passam no quartel, mas o calor extremo que fez em Rio Branco acabou causando isso”, afirmou o capitão. O modo como as vítimas foram conduzidas para o hospital gerou revolta em alguns funcionários do Hospital de Senador Guiomard. “Um deles foi trazido na “gravata” por um sargento moreno alto e que dispensou maca”, denunciou uma funcionária do hospital.
“Se houve alguma coisa desse tipo, cadê os nomes das pessoas que estão dizendo isso?”, perguntou o oficial da Comunicação, ao que prontamente a reportagem respondeu que mesmo que tivessem os nomes eles não seriam fornecidos.
“Se houve isso é preciso que alguém denuncie para que possamos puxar a orelha”, rebateu o representante do 7º BEC.
Na manhã desta sexta-feira, 16, as famílias dos soldados eram aguardadas no quartel para a entrega de suas boinas.
Corpo médico questiona tratamento dispensado pelo Exército
Quem viu os cinco soldados chegarem ao hospital pôde observar que além da instrução, os oficias e as praças mais graduadas costumam extrapolar as ações de subserviência ao Exército Brasileiro, para além dos campos de treinamentos. A impressão de quem estava no hospital é a de que a pressão psicológica combinada à exaustão física causou danos severos, em especial, a dois deles.
“Ta bom, ta bom (gritos e choro)”, gritava um deles, enquanto era contido por enfermeiros. O recruta se debatia dentro da ambulância e prosseguia: “tem que ter um final, tem que ter um final!”
Já dentro da ambulância, o recruta delirante gritava: “Eu tenho que terminar, eu tenho que terminar”, seguido de muito choro. Uma enfermeira chamada para auxiliar na imobilização do soldado responde: “Você já foi liberado”. “Não, eu na fui, não fui”, (mais choro).
Uma assistente de enfermagem chegou a chorar diante do que ela classificou de humilhação e desrespeito por parte do comando da operação. “Um sargento chegou com um desses rapazes na ‘gravata’. Ele o pegou pelo pescoço e o arrastou lá para dentro”, narra.
“Ofereci uma maca, mas o cara, que eu acho que é um sargento, me disse: não, não precisa de maca coisa nenhuma”. Segundo o médico Lúcio Fernandes de Souza, os cinco recrutas chegaram apresentando sinais de desidratação. Mas dois deles estavam estáveis.
“Pelo que vemos preliminarmente é que eles estão desidratados e apresentam distúrbios neurológicos graves. Não sei até que ponto isso pode ser reversível”. O médico acompanhou a remoção dos recrutas para Rio Branco.
FONTE: Gazeta.net
COLABOROU: João Henrique