20 de junho de 2010

CAPITÃO FERIDO NO HAITI DEDICA LIVRO AO PROJÉTIL QUE O ALVEJOU

Foto: Antonio Carlos Mesquita
Leoni quando ganhou a primeira medalha de ouro como para-atleta
Vanessa Teodoro - brasil@eband.com.br

No próximo dia 22 de junho completa cinco anos que o capitão Nelson Dias Leoni foi atingido por um projétil de fuzil 7,62 milímetros quando integrava a tropa de elite do Exército Brasileiro na Minustah (Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti).
A data, que poderia ser um dia de lembranças ruins, foi escolhida justamente para o lançamento do livro “Haiti: Uma lição de vida” (Ed. Baraúna), em Brasília. A obra é de co-autoria de Leoni com Damaris Giuliana, repórter do jornal “O Estado de S. Paulo”.
O livro-reportagem relata a experiência que o catarinense de Videira teve a partir do tiro que o acertou entre a alça do colete e o peitoral.
O capitão passou por 12 cirurgias, seis delas para reconstruir ossos, músculos e vasos do braço esquerdo. "Mesmo sem os nervos, o meu braço começou a mexer. Isso não era previsto por ninguém. A medicina não consegue explicar até hoje, o meu caso foi mandado para estudos fora do país", declara.
Em uma atitude curiosa, Leoni dedicou o livro ao projétil de fuzil que o atingiu e disse que o episódio foi importante para que ele aprendesse a "amar verdadeiramente a vida". “Antes eu só pensava na minha carreira e era muito egoísta. Minha vida melhorou depois do tiro", relatou ao eBand.
 
A ideia do Livro
Na época, Damaris ficou sabendo do ocorrido e, quando o capitão foi transferido para o Brasil, 15 dias depois, foi visitá-lo no Hospital Central do Exército, no Rio de Janeiro.
“Eu ainda era estudante de jornalismo e fazia um trabalho sobre o Haiti, queria conhecê-lo por ser o primeiro caso grave [de militar ferido no Haiti]. Eu conhecia alguns amigos dele pela internet. Ele autorizou minha entrada, mas ficou muito assustado quando me viu, porque um jornalista havia entrado com uma câmera escondida no hospital”, explica Damaris.
A partir deste contato frustrado, a jornalista insistiu e conseguiu se tornar amiga de Leoni. Dois anos depois, devido à surpreendente recuperação dele, a repórter o incentivou a escrever o livro, “pela forma como ele havia lidado com o problema".
Reformado em 2008, o especialista em paraquedismo pertence atualmente à Comunicação Social do Exército, é para-atleta e ministra palestras em todo o país.
Questionado se pensa em voltar ao Haiti, Leoni responde enfático: “Não. Não tenho raiva do povo haitiano, mas mesmo que quisesse voltar, minha esposa não deixaria”, comenta rindo. 
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