27 de fevereiro de 2012

Água congelada nas mangueiras dificultou combate a incêndio na Estação Comandante Ferraz

Água congelou nas mangueiras e dificultou combate a incêndio na Estação Comandante Ferraz
Pesquisador relata problema durante ação para tentar conter as chamas que invadiram o local

Paulo Germano
paulo.germano@zerohora.com.br
O grupo de combate a incêndio até foi rápido — o problema foi a água, que congelou dentro das mangueiras. A partir daí, as labaredas que se erguiam após um possível superaquecimento nos geradores de energia da Estação Comandante Ferraz, na Antártica, ganharam força para invadir quase tudo.
— O pessoal tentava de todo jeito, mas deu esse problema na água. Botijões começaram a explodir, não havia mais muito o que fazer — recorda o biólogo César Rodrigo dos Santos, pesquisador da Unisinos que liderava uma equipe no continente.
Na tentativa de apagar o fogo, foi utilizada uma bomba que suga a água do mar. O incêndio, quando foi percebido, já apresentava chamas de dois metros de altura — mas a água petrificada dentro da mangueira ampliava o desespero e a impotência de quem prestava socorro.
Os pesquisadores acreditam que os geradores de energia, localizados em uma sala afastada da área de convívio da estação, superaqueceram, provocando a queda de luz antes do acidente. Os equipamentos, movidos a óleo, já estão no foco de uma perícia supervisionada pela Marinha.
— É fato que o incêndio começou na área próxima aos geradores, mas não se sabe exatamente por quê — diz o almirante Marcos José de Carvalho Ferreira, gerente do Programa Antártico Brasileiro.
O biólogo Santos, um dos 45 pesquisadores que desembarcaram na noite de domingo no aeroporto de Pelotas, salvou apenas a máquina fotográfica e um computador que estavam junto a seu corpo. Perdeu, como todo mundo, o material inteiro de pesquisa, além de roupas e bens pessoais.
ZH/montedo.com