27 de fevereiro de 2012

Morte de militares na Antártida e naufrágio de embarcação mostram a situação de penúria das Forças Armadas

Sem preparo
O chamado céu de brigadeiro está longe do Ministério da Defesa. Algo absolutamente esperado, pois ao longo dos últimos dez anos as Forças Armadas foram vilipendiadas e sucateadas, sem que ao menos um dos seus representantes protestasse contra a atitude de um governo revanchista, que nos dias atuais repete o que condenou com veemência no passado.
A decisão da presidente Dilma Vana Rousseff de entregar a pasta da Defesa ao agora petista Celso Amorim sinalizou as intenções do governo com as Armas. Com atuação pífia como ministro das Relações Exteriores, na era Lula da Silva, Celso Amorim é um antigo desafeto dos militares. Durante a ditadura, Amorim, juntamente com seu inseparável amigo Samuel Pinheiro Guimarães, o Samuca, foi escorraçado da Embrafilme após financiar com dinheiro público um filme contra os militares.
A morte de dois militares na Estação Antártica Comandante Ferraz, base da Marinha do Brasil atingida por um incêndio, foi confirmada na tarde deste sábado (25) pelo ministro Celso Amorim, depois de um sem fim de evasivas e informações propositalmente desencontradas. Outro militar ficou ferido e foi levado para um hospital de Punta Arenas, no Chile.
Horas antes de confirmar a morte dos dois militares brasileiros, o Ministério da Defesa informou, em nota, que Celso Amorim ficou “consternado” ao ser informado do acidente e está “preocupado” com o sargento Luciano Gomes Medeiros, que sofreu ferimentos, e com os dois militares desaparecidos, o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e o sargento Roberto Lopes dos Santos.
Em seu discurso de posse, em agosto de 2011, quando substituiu o gaúcho Nelson Jobim no comando da Defesa, Amorim disse, sem conhecimento de causa, que o Brasil não é um país indefeso e desarmado. O acidente ocorrido na Antártida é prova maior do estado de penúria em que se encontram as Forças Armadas e compromete sobremaneira o poder de beligerância do País.
Como se esconder a verdade fosse a receita mais adequada para um Estado democrático, o Ministério da Defesa, com a devida anuência do Palácio do Planalto, abafou durante aproximadamente dois meses o naufrágio de uma embarcação no mar da Antártida. Rebocada pela Marinha brasileira, a chata (embarcação de fundo chato usada para transporte de carga) afundou com 10 mil litros de óleo combustível. O produto, altamente poluente e que poderá causar estragos ambientais irreversíveis na região, ainda não vazou, mas está a 40 metros de profundidade e a 900 metros da praia onde fica a Estação Antártica Comandante Ferraz. É importante destacar que o Brasil é signatário de tratados de preservação ambiental na Antártida e, por conseguinte, se comprometeu a não poluir o continente.
Longe de querer duvidar da capacidade dos militares brasileiros, que têm conseguido sobreviver a duras penas sob um governo que dá guarida a terroristas, mas uma Armada que tem problemas durante o reboque de reles embarcação não dá a seus governantes o direito de afirmar que o país está preparado para o confronto bélico. Se Celso Amorim repetir na Defesa o que protagonizou na diplomacia verde-loura, o Brasil em breve será terra de ninguém.
ucho.info/montedo.com