Da Agência Brasil Edição: Stênio Ribeiro
A Força de Pacificação de Paz, em ação cívica e social na Vila Olímpica da Maré, com a finalidade de levar cidadania aos moradores da comunidade Tânia Rêgo/Agência Brasil |
A Força de Pacificação de Paz (FPP) do Exército realizou hoje (27), em parceria com diversos órgãos públicos, a 10ª edição de ação social na Vila Olímpica do Conjunto de Favelas do Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, com a finalidade de levar serviços e oportunidades aos moradores das 15 comunidades que integram o Complexo da Maré. Segundo o Exército, são feitos cerca de mil atendimentos por dia, e a intenção é que essa iniciativa permaneça com a implantação das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), após a saída do Exército, no fim de junho.
A ocupação, pelas Forças Armadas, na Maré, teve início em abril do ano passado, e o convênio foi renovado duas vezes para que a Polícia Militar (PM) formasse homens para atuar na ocupação definitiva da região. Além dos serviços prestados anteriormente – como a retirada de documentos, a formalização de casamentos e o reconhecimento de paternidade –, os moradores contaram com a oferta de cursos e emprego.
Segundo a moradora Raquel Alves Moura, de 19 anos, os serviços são bem-vindos pela comunidade e têm que continuar.
"Eu estou feliz, vou sair daqui com a minha carteira e com um trabalho, se Deus quiser. O que mais quero na vida é trabalhar, fazer um curso, ser alguém na vida e ir embora da favela, porque eu não aguento mais isso aqui. Ainda falta muita coisa na comunidade, como o serviço de saúde. Cursos aqui eu não vejo muito, tem que sair daqui para fazer e, às vezes, não tem vaga. Escola aqui está complicado, não tem vaga. Eu quero estudar e não consigo, mas com eles aqui, fazendo essas coisas, ajuda bastante", contou Raquel.
O balanço parcial das ações no Complexo da Maré, desde a chegada do Exército, divulgado pela FPP, contabiliza 75 mil ações, entre prisões e apreensões. Segundo o tenente-coronel Benzecry, oficial de comunicação social na Maré, até o momento foram feitas 583 prisões, 251 apreensões de menores e 1.340 apreensões de drogas, armas, munição, veículos, motos e materiais diversos.
Em parceria com diversos órgãos públicos, a Força de Pacificação de Paz, liderada pelo Exército, oferece também cursos e empregos na Vila Olímpica da Maré Tânia Rêgo/Agência Brasil |
Para o oficial, aliado a esse combate à criminalidade, é fundamental que as oportunidades e os serviços continuem chegando à população da Maré para a melhora e o crescimento da comunidade. O número de menores apreendidos, envolvidos com o crime organizado, vem chamando a atenção dos órgãos de segurança pública.
Benzecry acredita que uma alternativa para mudar esse cenário seria insistir nas ações sociais para levar crianças e jovens para atividades esportivas. "Sem dúvida, a base está na educação, no desenvolvimento social. As ações aqui da pacificação [FPP] transcendem as questões de segurança. O nosso papel aqui é reduzir os índices de criminalidade, proporcionar estabilidade e segurança na região, de modo a que o desenvolvimento social chegue realmente no Complexo da Maré e construa um futuro melhor para a comunidade", disse ele.
Segundo o oficial, as ações sociais abrem uma janela de oportunidades para que os demais órgãos dos governos estadual e municipal estejam realmente presentes na comunidade. "A nossa expectativa é muito positiva, de que não só as ações de segurança pública prossigam, mas também o incremento nessas ações de desenvolvimento social", ressaltou Benzecry.
Estão previstas mais duas ações sociais da FPP na comunidade da Maré: dia 10 de junho, no Conjunto Esperança, e dia 24, na Vila Olímpica. A coordenadora do Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do estado, Geiza Rocha, explicou que as ações devem continuar com a chegada das UPPs. "A ideia é somar forças e ampliar um pouco a quantidade de serviços para que as UPPs não cheguem só com a polícia, mas também com todos os serviços necessários. A gente vai articular para que o governo venha e participe", destacou.
Na avaliação do diretor social do Parque da Maré, Nilo Albuquerque, a comunidade ainda precisa de algumas coisas, mas o que está sendo feito já está gerando resultados, e a tendência é melhorar gradativamente. "Além de tirar a documentação, as pessoas começam a conseguir estudo e emprego. O povo está necessitado, não é só aqui não, tem outros lugares que precisam. É a ignorância, a falta de conhecimento. Trazendo conhecimento para eles, todos vão se alegrar. Aqui não tem só coisas ruins, tem muitas coisas boas como em todos os lugares na sociedade", disse.
"Tudo que se faz com o coração é bem-vindo, e tudo na vida precisa de iniciativa. Não adianta o governo sozinho, sem outros órgãos para ajudar, sem força de vontade. As pessoas caracterizam uma coisa muito errada, quer que faça uma coisa que nunca fez, e quando faz tem que ser correndo. Não sai bem", completou Albuquerque.
Agência Brasil/montedo.com