26 de dezembro de 2016

Ampliando a discussão sobre as mudanças na carreira dos graduados

Recebi na área de comentários da postagem
Reforma da Previdência: Exército trabalha com projeção de carreira de 38 anos e ascensão dos sargentos até o posto de Major
Caro Amigo Montedo
Sei que devido a uma grande quantidade de boatos a tropa fica completamente perdida, sem realmente saber em que e no que acreditar. Pois bem, quem dera eu estivesse em Brasília trabalhando neste projeto de reformulação de nossa carreira, porém, aqui em uma das pontas da linha da cadeia hierárquica, estamos tendo, já numa grande mudança cultural, a oportunidade de contribuir com esta proposta de mudança.
Como Adjunto de Comando recebi a missão, e esta não por canal extraoficial, mas sim pelo canal de Comando, de avaliar, estudar e colher sugestões junto aos Praças, para contribuir com a reorganização de nosso próprio Plano de Carreira. Esta missão, pelo menos em meu ponto de vista, está sendo uma das primeiras em que estamos tendo a oportunidade de opinar sobre e a respeito do que é ou não o ideal para nós Praças. Apesar de ainda ser apenas uma consulta e de não saber se nossas observações serão ou não levadas em conta, essa atitude nos mostra muito bem a preocupação que o Exército está tendo em ouvir os interessados diretos, e também, uma grande evolução na cultura Institucional.
Então, tentando esclarecer algumas dúvidas que li nos comentários de seu post, tentarei clarificar um pouco e trazer informações que a tropa ainda não tem (lembrando não estou trabalhando diretamente no projeto).
A respeito do tempo de serviço de 35 anos – não podemos ser inocentes e pensar que estaremos à parte da reforma da previdência. A pressão que a mídia está fazendo sobre o governo vem sendo muito forte e provavelmente pagaremos nosso tributo com o aumento de nosso tempo de serviço na ativa. Aproveito ainda para lembrar que não nos aposentamos, mas sim, passamos para a situação de “reserva” e continuamos a mercê da Instituição até a reforma, além de continuamos pagando pensão até o momento em que passamos dessa para melhor (morte). Deverá é claro, haver um processo de transição para quem já está no final de carreira, mas essa informação eu não possuo.
A informação que tenho a respeito do novo plano de carreira, é que este modelo que foi sugerido é apenas o início dos estudos, não tendo ainda uma data específica para ser colocado em vigor, porém temos o prazo de meados de janeiro de 2017 para remeter nossas observações para o escalão superior. Me arisco a adicionar aqui o meu ponto de vista: se há a grande probabilidade de reforma da “previdência” dos militares para fevereiro de 2017, provavelmente esta será a grande oportunidade para mudar também nossa legislação e reestruturar toda a carreira militar para se adequar as mudanças no tempo de serviço (esta é a lógica do meu raciocínio).
Claro que a alteração do interstício do primeiro sargento é um tanto quanto desmotivadora, porém analisando de maneira mais critica, esta graduação será onde muitas mudanças irão ocorrer. Começando pelas nomeações para TG, missões e cursos no exterior, concurso para o CHQAO e possibilidade de concurso para o QEO (este no meu ponto de vista, a “cereja do bolo” nesta nova proposta de carreira). Durante a graduação de primeiro sargento tudo isso será resolvido e o militar terá a oportunidade de escolher por qual caminho irá (aqui para nós: é claro que o ideal seria reduzir todos os interstícios, mas ficar oito anos como primeiro sargento é muito melhor do que oito como terceiro sargento). Lembrando ainda, que os interstícios apresentados nos slides são o “limite” de cada graduação e não o interstício mínimo (isto está escrito no documento), ou seja, os primeiros promovidos deverão sair com pelo menos um ano antes. Não esquecendo é claro, que todas as decisões tomadas nesta fase da carreira terão repercussão para o resto dela (se o militar não passar no CHQAO ou no concurso QEO, terminará seu tempo de serviço como subtenente).
Para terminar, em relação ao Quadro Especial de Oficiais – QEO. Como escrevi anteriormente, é a “cereja do bolo” da carreira. Neste novo plano, aqueles que já são graduados, bacharéis, mestres e doutores, terão a oportunidade de prosseguir na carreira em “Y” pulando uma graduação e mudando de carreira. Convém apenas ressaltar que, a previsão é de trinta vagas por ano e que deverão ser abertos concursos para as áreas de “necessidade” da Instituição, isto significa que nem todas as carreiras serão contempladas.
Como Adjunto de Comando, espero poder estar contribuindo com a diminuição de dúvidas da tropa espalhada pelo território Brasileiro, assim como faço dentro do meu aquartelamento contando com o apoio de meu Comandante. Como já escrevi no seu Blog anteriormente, aproveito para lhe agradecer o espaço e a contribuição que o senhor tem prestado para todos nós militares.
Adjunto de Comando de Brigada