13 de setembro de 2013

Tropa do Exército simula conflitos e tem aula de dialeto para atuar no Haiti

Militares iniciaram treinamento e partem para Porto Príncipe em novembro.
Uso de armas não letais e encenação de homicídio fizeram parte do treino.

Lana Torres
Do G1 Campinas e Região
Militares de Campinas simulam confronto para se preparar para atuar no Haiti (Foto: Lana Torres / G1)
Militares de Campinas simulam confronto para se preparar para atuar no Haiti (Foto: Lana Torres / G1)
A dois meses de partir para a missão de paz no Haiti, 120 militares de Campinas (SP) passam por treinamento intensivo para simular a realidade que enfrentarão nos seis meses que atuarão no país caribenho. Nesta quinta-feira (12), o grupo simulou conflitos, treinou o uso de armas não letais e a realização de blitzes, além de receber aula de creole, dialeto falado pelos haitianos. Os soldados campineiros partem em novembro para substituir a tropa que atualmente trabalha no local.
De acordo com o comandante da próxima equipe que vai compor a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), Anisio David de Oliveira Junior, este foi o início das atividades de preparo e, a partir de outubro, as tropas de outras cidades que participam da expedição vão se concentrar em Campinas para um treino conjunto às vésperas da viagem.
“Nós vamos realizar isso para chegar ao Haiti com as tropas totalmente adestradas. Com o nosso planejamento, eles vão chegar ao Haiti já em perfeitas condições. Nós estamos iniciando as ações mais práticas para já verificar o grau de adestramento em que a tropa está”, disse.
saiba maisFOTOS: veja como são feitos os treinamentos com simulações

Tiro e corre-corre
Militares de Campinas simulam crime para se preparar para atuar no Haiti (Foto: Lana Torres / G1)
Militares de Campinas simulam crime para se
preparar para atuar no Haiti (Foto: Lana Torres / G1)
Para demonstrar o treinamento que ocorre diariamente, a equipe realizou nesta quinta um treinamento com armas pouco letais, como lançamento de gás lacrimogêneo, tiro ao alvo com munição de borracha e lançamento de granada. O grupo também simulou uma abordagem em blitz e encenou uma situação de homicídio, com a intervenção das tropas para localizar o autor. Para isso, dois militares encenaram uma discussão que termina com um falso disparo fatal.
Ainda para controlar confronto, uma espécie de tropa de choque do Exército simulou algumas coreografias táticas para conter tumultos. “Uma provável situação de emprego da tropa seria na eleição”, explicou o tenente do grupo especial, Igor Felipe Aguiar Lopes da Silva, em menção ao fato de haver a possibilidade de o processo eleitoral ocorrer enquanto eles estiverem no país.

"Rete la"
Além do treino tático, para driblar as adversidades físicas do soldado na missão, a tropa conta com a ajuda do haitiano Guernaud Charles, de 28 anos, no desafio da comunicação com a população nativa. Ele vive no Brasil desde 2011, quando veio para estudar pedagogia na Unicamp. Charles conta que dar aulas é uma forma de matar a saudade da terra natal. “Sinto muita saudade porque deixei esposa e família lá. Mas logo devo ir visitar eles”, contou.
Além de expressões básicas como "olá! como é o seu nome?", o haitiano ensina aos militares alguns termos que serão úteis no trabalho dos soldados, como o "rete la", usado para anunciar a abordagem pedindo para o alvo da ação permanecer parado onde está. "Eu fico muito feliz em saber que estou ajudando as pessaos que vão ajudar a mudar o meu país", falou o professor.
O haitiano Charles dá aula de criolo para a tropa de Campinas que atuará no Haiti (Foto: Lana Torres / G1)
O haitiano Charles dá aula de crioulo para a tropa de Campinas que atuará no Haiti (Foto: Lana Torres / G1)
Minustah
No ano que vem, a missão da ONU, criada com o objetivo de fortalecer as instituições haitianas para garantir a estabilidade política e social no país, completa dez anos. Durante a intervenção da Minustah, em 2010, o país foi acometido pelo trágico e devastador terremoto, que deixou cerca de 300 mil mortos e 3 milhões de desalojados.
G1/montedo.com