Rui Nogueira, Rafael Moraes Moura
Por  sugestão da Polícia Federal, o governo do presidente Luiz Inácio Lula  da Silva discutiu ontem com o comandante do Comando Sul dos EUA,  tenente-brigadeiro Douglas Fraser, a proposta de criação de uma base  “multinacional e multifuncional” que teria sede no Rio de Janeiro.
A base formaria, com duas já existentes, em Key West (EUA) e em  Lisboa (Portugal), o tripé de monitoramento, controle e combate ao  narcotráfico e contrabando, principalmente de armas, além de vigilância  antiterrorista.
Douglas Fraser passou o dia de ontem em Brasília. Após reunião de  trabalho e almoço com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, o comandante  americano encontrou-se com o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa.
A PF já tem um adido de inteligência trabalhando na base de Key West,  na Flórida. O Planalto está para decidir se o adido junto à base de  Lisboa será um delegado federal ou um oficial da Marinha.
A base no Rio, assim como as outras duas, não admite operações sob  comando de estrangeiros. Os países que aceitam participar dos programas  de cooperação de combate ao crime organizado enviam adidos que atuam  sempre sob supervisão dos agentes do país soberano sobre a base. A ideia  é que com a base da Flórida, que vigia de perto o tráfico no Caribe, e a  de Lisboa, que exerce controle sobre o Atlântico Norte, a base  brasileira sirva como posto avançado de monitoramento do Atlântico Sul.
Tragédia. Key West é uma base aérea e naval que atua  em cooperação com os departamentos de Defesa e de Segurança Nacional,  agências federais e forças aliadas. Desde 1989, possui força-tarefa de  inteligência que conduz operações contra o narcotráfico no Caribe e na  América do Sul. Foi de lá que partiu o primeiro avião de resgate no caso  da tragédia do voo AF 447, da Air France, em junho passado, no litoral  do Brasil, perto de Fernando de Noronha. Notificada do acidente, a base  mobilizou o adido brasileiro, que providenciou o início do socorro.
O grupo de agentes da força-tarefa de Key West tem como objetivo  combater o cultivo, a produção e o transporte de narcóticos. Os governos  britânico, francês e holandês contribuem com o envio de navios,  aeronaves e oficiais. O grupo reúne ainda representantes de Argentina,  Brasil, Colômbia, Equador, Peru e outros países latino-americanos.
A presença dos Estados Unidos na região começou em 1823, com o  objetivo de combater a pirataria local. Foi usada inicialmente como  patrulha de operações submarinas e como estação de treinamento aéreo,  utilizada por mais de 500 aviadores na época da Primeira Guerra Mundial  (1914-1918). Em 1940, ganhou a designação de base aérea e naval.
Em Lisboa, a base naval fica à margem do Rio Tejo, no Perímetro Militar do Alfeite. Foi criada em dezembro de 1958.
Fraser também veio ao Brasil para organizar a viagem do secretário de  Defesa dos EUA, prevista para meados de abril. A visita é retribuição  da viagem de Jobim aos EUA, em fevereiro, em Nova York. Em pauta, a  cooperação estratégica militar entre os dois países, a compra de caças  pelo Brasil e o interesse dos EUA em adquirir aviões de treinamento – a  Embraer produz o Supertucano. A americana Boeing produz o F-18, Super  Hornet, que está entre os três classificados na concorrência da FAB.
FONTE: Estadão
 
 
 
