Petraeus. O general que se tramou com um pentágono amoroso
David Petraeus traiu a mulher com quem estava casado há mais de 37 anos, revelou segredos de Estado à amante e caiu em desgraça devido a uma crise de ciúmes desta
Petraeus,a esposa Holly e a amante Paula Broadwell |
Diogo Vaz Pinto
Um rabo de saias bastou para tirar o super-general do sentido. David Petraeus, o rosto em que se espelhavam as virtudes de um brilhante estratego e líder em tempo de guerra, deu um tombo de todo o tamanho e nem procurou levantar-se. Declarou-se culpado e aceitou um acordo proposto pelo Departamento de Justiça, basicamente a sua única possibilidade de sair de cena sem maltratar mais a sua dignidade. Evita assim ser exposto ao vexame de um julgamento público e a uma possível pena de prisão. Admitiu o crime de ter partilhado informação confidencial com a amante numa altura em que estava à frente da CIA, a agência dos serviços secretos norte-americanos.
Leia também:Pediu o boné: general americano se demite da CIA devido a relação extraconjugal
Egos de quatro estrelas: o culto ao general
O general de quatro estrelas envolveu--se com a sua biógrafa, Paula Broadwell, também membro do exército e, como ele, na reserva. Quando o caso foi tornado público, no final de 2012, Petraeus demitiu-se e tentou sair de fininho. Mas o FBI começou a desenterrar os podres e, em Janeiro deste ano, recomendou que ele fosse alvo de um processo criminal. Esta terça-feira o Departamento da Justiça anunciou que tinham chegado a um acordo, que o verá cumprir dois anos de pena suspensa e pagar uma multa de 40 mil dólares (mais de 35 mil euros).
Contudo, apesar de não ver o interior de uma cela, esta confissão de culpa não deixa de cavar mais fundo o poço do general que em tempos lhe viu ser confiada a definição das principais missões militares do país no estrangeiro e alguns dos segredos mais bem guardados do Pentágono. Petraeus comandou o destacamento multinacional de tropas no Iraque em 2007, isto após uma ascensão vertiginosa em que desempenhou várias funções nas Forças Armadas no próprio país, incluindo em acções de combate. Em 2008 assumiu o Comando Central norte-americano, e dois anos mais tarde comandou as forças militares internacionais no Afeganistão.
Por essa altura era o general dos generais. Mas enquanto partilhou a cama com Paula Broadwell não se limitou a fazer algumas confidências e apimentar a relação com pormenores curiosos; foi mais longe. No acordo que assinou confessa ter passado à amante “informação confidencial sobre as identidades de agentes secretos, estratégia militar, dados sobre mecanismos e capacidades, discussões diplomáticas, citações e discussões deliberativas de reuniões de alto nível do Conselho de Segurança Nacional e de discussões do réu David Howell Petraeus com o presidente dos Estados Unidos da América”.
Jornal i(PT)/montedo.com