Uma base do Exército dos Estados Unidos interrompeu nesta quarta-feira suas atividades normais ao detectar uma onda de suicídios no local. Ao menos 11 soldados se mataram em Fort Campbel neste ano, mais que em qualquer outro quartel dos EUA.
"As atividades serão interrompidas durante três dias a partir de hoje", disse Kelly Tyler, porta-voz do Forte Campbell, localizado na fronteira entre os Estados de Kentucky e Tennessee. "A intenção é mostrar a eles que estamos preocupados com seus problemas, desde o oficial de menor patente até os generais, e que há ajuda disponível."
Em uma série de pronunciamentos nesta semana, o general Stephen Townsend vai falar aos 25 mil soldados da divisão. Ele disse nesta quarta-feira a mais de 4.000 soldados que os suicídios têm de acabar.
Depois que o Exército estabeleceu uma ampla campanha de prevenção em março, houve seis semanas em que não foram registrados suicídios na base. "Mas na semana passada, tivemos dois. Dois em uma semana", disse o general Townsend. "Este não é um lugar onde Fort Campbell e a 101ª Divisão Aerotransportada querem estar [...] não queremos liderar o Exército com essa estatística."
Os comandantes suspenderam as atividades de rotina por três dias para tentar localizar e ajudar os soldados com risco de se matarem em conseqüência do stress da guerra.
Dirigentes do Exército estão desenvolvendo novas orientações para os comandantes para ajudar instalações como Fort Campbell a lidar com crescentes taxas de suicídio. Em todo o Exército, de janeiro a março, houve 56 relatos de suicídio --22 confirmados e 34 ainda sob investigação.
Frequentes envios para batalhas de membros da divisão desde 2001 tem contribuído para o estresse de soldados em Fort Campbell, disse o coronel Ken Brown, chefe dos capelães da base.
As três brigadas aerotransportadas de combate passaram pelo menos três turnos no Iraque. A 3 ª Brigada também serviu sete meses no Afeganistão, no início da guerra, e a 4 ª Brigada acaba de regressar de um período de 15 meses no Afeganistão.
"Estamos em guerra nessa base há sete anos," disse Brown. Acho que há um efeito cumulativo em toda a força", disse o coronel Brown.
O Exército afirmou que os suicídios de soldados atingiram a taxa mais elevada em 2008. Os oficiais disseram que as mortes chegaram a uma taxa de 20,2 por 100 mil soldados, o que é superior à taxa dos civis, quando os dados são ajustados para refletir a idade dos soldados e a predominância de homens.
Segundo números oficiais, o Exército registrou pelo menos 133 suicídios em 2008, um número sem precedentes nas Forças Armadas americanas. No ano anterior, foram 115 mortes deste tipo.
Oficiais dizem que muitos soldados têm medo de procurar ajuda para a saúde mental por pensar que isso pode prejudicar suas carreiras ou fazer com que pareçam fracos diante dos colegas. Por isso, Townsend estimulou os soldados a intervirem.
"Você não hesitaria em procurar atendimento médico para uma ferida ou lesão física", disse Townsend. "Não hesite em procurar atendimento médico para uma lesão psicológica".
"É um estigma para eles. O Exército é uma instituição de força e honra, mas os soldados precisam entender que pedir ajuda também é uma demonstração de força e honra", afirmou.
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