Mãe e filha se encontram em treinamento militar
Elas trabalham juntas na Base Aérea de Canoas, no Rio Grande do Sul
O abraço entre a Sargento Mônica Regina Prietsch e a Sargento Paula Pristsch Pacheco revela muito mais que uma conquista profissional. Mãe e filha, respectivamente, comemoram o fim do estágio de adaptação do Quadro de Sargentos Convocados (QSCon), concluído pela matriarca. A graduada Mônica, aos 42 anos, resolveu realizar um sonho antigo – servir a Força Aérea Brasileira, onde o pai (Suboficial Plotino) já havia cumprido sua carreira na Base Aérea de Canoas (BACO). Depois de trabalhar como motorista de transporte escolar e guia turístico, ingressou no serviço militar para exercer a mesma função.
Tanta determinação também foi herdada pela filha, que serve no Batalhão de Infantaria da Aeronáutica Especial de Canoas (BINFAE-CO). Além de participar da recepção aos alunos da turma da mãe, junto com a equipe de bombeiros, a Sargento Priescth, 25 anos, é a primeira e única mulher da unidade num universo de mais de 400 homens.
São duas histórias de vida, de duas guerreiras que se apoiaram na vida e enfrentaram a carreira militar com igualdade e muita força de vontade. Exemplos de mulheres que conquistaram espaço com autoconfiança e a certeza que o preconceito não faz mais parte dessa rotina.
Acompanhe a entrevista:
O que significou aquele abraço, logo após o exercício de campanha?
Sargento Prietsch: Alegria, muita alegria de receber minha mãe e saber que ela estava bem. Cada momento do curso foi uma superação pessoal dela e eu fico muito feliz por ela ter tido essa oportunidade.
Sargento Mônica: Ah, aquele abraço... É impossível descrever toda a emoção vivida naquele breve momento. Tê-la participando, ativamente, foi como ter o registro do apoio e aprovação para que eu fizesse parte desta profissão, a qual sei que ela se orgulha em exercer
Como foi optar pela carreira militar?
Sargento Prietsch: Eu praticamente cresci no meio militar e, apesar de admirar a profissão, não tinha pretensão de seguir esta carreira. Quando estava para terminar o ensino médio, minha mãe sugeriu que fizesse o concurso. No início fui meio resistente, mas ela plantou a ideia e me incentivou até eu me apaixonar pela profissão e entrar para a Escola de Especialistas.
Sargento Mônica: Desde criança acompanhei a carreira de meu pai, hoje suboficial da reserva - Suboficial Plotino. Ele sempre foi um grande exemplo, servindo de inspiração para o sonho de servir a Força Aérea. Recebi apoio da família, amigos, colegas de trabalho, colegas e professores da faculdade, todos vibraram juntos comigo pela chance de realizar este sonho. O apoio da filha foi crucial e fundamental, em uma inversão de papéis. Ela curtiu cada momento que eu vivi durante o estágio de adaptação da mesma forma que, alguns anos atrás, pude curtir as etapas as quais ela vivenciou em sua formação na Escola de Especialistas.
Sargento Priestch, como é trabalhar numa unidade como o BINFAE, onde a maioria é homem? Sofreu preconceito?
Sargento Prietsch: Nunca sofri nenhum tipo de preconceito ou fui beneficiada por ser a única mulher. Todos os colegas me tratam com respeito e camaradagem. No início, acho que alguns duvidavam um pouco que eu fosse me adaptar ao grupo, mas agora, todos conhecem a seriedade com que exerço o meu trabalho. Eu tenho muito a agradecer a todo efetivo, nós temos uma equipe muito boa engajada no cumprimento das diversas atividades exercidas pelo batalhão.
Como é ser uma das mulheres que servem à FAB?
Sargento Prietsch: Eu me encho de orgulho por ser uma mulher militar e acho que as mulheres estão cada vez mais e mais conquistando seu espaço. Há alguns anos o ingresso na força era bem mais restrito para o quadro feminino. Hoje, estamos mostrando nosso potencial nas diversas áreas de atuação e dominando diversas funções antes tidas como exclusivamente masculinas.
Sargento Mônica: Sinto-me honrada e plenamente feliz por ter tido esta oportunidade de ingressar no serviço militar e fazer parte desta equipe. Um sentimento de estar exatamente onde sempre deveria estar!
Agência FAB/montedo.com