20 de outubro de 2010

FALSO TENENTE CORONEL PODE TER USADO EQUIPAMENTOS DA PM CARIOCA

A Polícia Militar do Rio abriu, nesta segunda (18), uma sindicância para apurar o possível relacionamento de um falso tenente-coronel do Exército com integrantes da corporação. A PM vai investigar a denúncia de que o servidor Carlos da Cruz Sampaio Júnior teria utilizado equipamentos e instalações da polícia.
O servidor foi preso na sexta-feira (15) e vai responder por falsidade ideológica e porte ilegal de arma. Dois dias depois, o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, informou que abriria uma sindicância interna para apurar as circunstâncias da contratação.
De acordo com a Secretaria de Segurança, a sindicância vai analisar os dois períodos em que falso militar trabalhou órgão: de 2003 a 2006 e de julho a outubro deste ano, quando foi contratado para a função administrativa na Subsecretaria de Planejamento e Integração Operacional. O cargo de coordenador, segundo a secretaria, permitia que ele auxiliasse a distribuição de efetivo e o planejamento do trabalho integrado das polícias.
A secretaria acrescentou que a sindicância do órgão correrá paralelamente ao inquérito em curso na 4ª DP (Praça da República). No sábado, o órgão admitiu que houve falhas no processo de contratação do funcionário, após levar 45 dias para descobrir a fraude, e quer saber de que forma o servidor foi contratado, se ele foi indicado por alguém e se isso facilitou a volta dele ao cargo este ano após quatro anos de sua primeira passagem pelo órgão.

Pai de suspeito foi intimado a depor
Policias civis estiveram à tarde na casa de Calos Sampaio, em Vila Isabel, na Zona Norte. O pai dele, que é militar, foi intimado a prestar depoimento. Carlos disse aos agentes que a arma que ele usava, quando foi preso, pertencia ao pai. A polícia que confirmar esta versão. O falso tenente-coronel está na carceragem da Polinter, no Grajaú, também na Zona Norte.
Uma reportagem publicada no jornal Extra mostra que o falso militar chegou a representar a Secretaria estadual de Segurança numa reunião em Brasília, em 2003. O encontro foi organizado pelo Ministério da Justiça para planejar a criação de gabinetes de gestão integrada em segurança pública. Um vídeo mostra Sampaio participando de um treinamento de tiros da polícia.
A delegacia que acompanha o caso enviou ofício à Secretaria de Segurança. Os policiais investigam, ainda, se Carlos tinha acesso a informações privilegiadas e se elas foram passadas para alguém. A nomeação dele como coordenador da subsecretaria de planejamento e integração operacional foi publicada há três meses no Diário Oficial.
A Secretaria de Segurança já sabe quem indicou o falso tenente-coronel para trabalhar no órgão, entre 2003 e 2006. Agora, um outro funcionário da Secretaria será cobrado por ter assinado a admissão de Carlos Sampaio. O responsável poderá ser exonerado do cargo.

Erros na falsificação
Na carteira militar apresentada pelo funcionário havia pelo menos 10 erros na falsificação, como a inversão do nome dos pais e o tamanho do brasão do Exército.
"O documento que ele apresentou em primeira mão a gente teve que fazer uma investigação", disse o subsecretário de inteligência do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, que admitiu que o procedimento deveria ter sido adotado antes da contratação do servidor. "Até sim. Ele foi indicado, nós fizemos... O que importa é que nós fizemos o monitoramento e nós prendemos".
Além dos documentos falsos, um revólver foi apreendido com o homem no momento de sua prisão. Segundo o delegado Ricardo Domingues, o falso militar confessou o crime e disse que a arma pertencia ao pai dele.
A secretaria afirmou ainda que o preso é filho de um militar e, por isso, conhece toda a documentação necessária para fazer falsificações.

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