Cyberbullying: alunos do Colégio Militar em Manaus difamam, xingam e constrangem colegas em rede social
Para praticar as agressões virtuais (cyberbullying), os alunos ‘elegem’ os colegas que serão ofendidos gratuitamente. Quando um nome é citado na rede social ask.fm, logo uma série de comentários a respeito do escolhido começa a ser postado
ANDRÉ ALVES E ANA CAROLINA BARBOSA
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Colégio Militar de Manaus |
Alunos do Colégio Militar de Manaus (CMM) se reuniram em uma rede social na internet para promover xingamentos, insultar e constranger colegas de sala com descrições públicas sobre a prática de sexo oral e ofensas a características físicas. As citações estão disponíveis na rede mundial de computadores e qualquer pessoa pode ter acesso.
Para praticar as agressões virtuais (cyberbullying), os alunos ‘elegem’ os colegas que serão ofendidos gratuitamente. Quando um nome é citado na rede social ask.fm, logo uma série de comentários a respeito do escolhido começa a ser postado.
“Gostosa, safada, se amarra numa p... grande e grossa”, diz um dos comentários logo que o nome de uma estudante é citado. “O Almeida (sobrenome fictício) tem aquele nariz de papagaio amarelo”, descreve postagem a respeito de um estudante. “Agora ela ta chupando o p... do Mário (nome fictício)” é o que diz outro comentário sobre uma aluna do colégio, ao qual acritica.com teve acesso.

A 'brincadeira' acontece na rede social 'ask.fm', na qual são criados perfis e, a partir de perguntas, os demais praticantes interagem com os outros. As perguntas, neste caso, envolvem a intimidade das meninas e meninos, em sua maioria, com idade abaixo de 18 anos, confirmou um aluno da instituição que preferiu ter a identidade preservada.
Características
No canal do site de relacionamentos ao qual o acrítica.com teve acesso, alunos comentavam sobre o desempenho sexual das meninas e meninos, muitos do segundo ano; tipo físico e, em algumas situações, atribuem qualidades às pessoas. De acordo com um aluno, que procurou o acrítica.com para fazer a denúncia, a direção da escola teve acesso à informação e recebeu alguns pais de alunos para falar sobre o assunto, mas, até o momento, os responsáveis não receberam qualquer punição.
Conforme o estudante, o grupo existe desde o dia 2 de novembro. Os membros, embora não se identifiquem, afirmam que o grupo é composto por 19 pessoas. “Parece que já identificaram os IPs dos donos da página, mas até agora não fizeram nada”, disse o aluno. Nas cópias de algumas conversas as quais o portal teve acesso, o grupo de alunos afirma não temer punições.
A partir de um dos perfis, um dos membros do grupo, sob ameaça de denúncia à polícia, diz: “não temos medo, camarada. Já falei: somos treze do primeiro e outros seis divididos entre o primeiro e o segundo (anos do ensino médio)”.
Em um comunicado assinado pelo tenente coronel Flávio Alves de Oliveira, comandante do Corpo de Alunos da instituição, em novembro deste ano, e cuja cópia foi entregue ao acritica.com, ele informa que está tomando providências para identificar os responsáveis para a adoção de providências. O portal identificou, via rede social Facebook, algumas das alunas citadas nos comentários no "Ask.fm". Contudo, nenhuma delas quis se pronunciar a respeito do fato.
A direção da escola confirmou que está ciente da situação e instaurou um procedimento interno há cerca de duas semanas para apurar o caso e adotar as medidas cabíveis. A informação é do major Marcos Luiz da Silva.
O quê é? Como denunciar?
O cyberbullying é praticado a partir de tecnologias de informação para hostilizar e ridicularizar pessoas na web. Recentemente, o Senado Federal aprovou um Projeto de Lei o qual torna crime esta prática, com pena prevista de até quatro anos de prisão.
Segundo informações da assessoria da Polícia Civil, este tipo de crime pode ser denunciado à Delegacia Interativa, implantada em julho deste ano em Manaus e que, embora não tenha sede própria, está em funcionamento na sede da Delegacia Geral da Polícia Civil (avenida Pedro Teixeira, Dom Pedro, Zona Centro-Oeste). Responde pela especializada o delegado Irineu Brandão.