15 de janeiro de 2014

Defesa faz manual para casos em que militares assumem segurança pública

Poder de polícia é dado pela Presidência por tempo e espaço definidos.
Últimos dois anos teve 11 casos, como ação no Alemão (RJ) e greve na BA.
General recebe bolo de manifestante durante greve de policias na BahiaFoto: Roberto Viana
Tahiane Stochero
Do G1, em São Paulo
O Ministério da Defesa criou um manual para casos em que militares assumam a segurança pública diante da impossibilidade de polícias ou outros órgãos agirem, como foi no caso da greve de policiais na Bahia em fevereiro de 2012, a ocupação do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, durante 20 meses, e a missa do Papa Francisco na Praia de Copacabana, no Rio, no ano passado.
As ações militares com poder de polícia são determinadas como “garantia da lei e da ordem” (GLO) e, ao contrário de segurança pública, ocorrem em períodos de tempo e de espaço previamente delimitados e só com ordem da presidente da República, Dilma Rousseff. Em 2012, os militares foram às ruas oito vezes. Já em 2013, foram em três ocasiões, segundo a Defesa.
Durante a Copa do Mundo, as Forças Armadas ficarão encarregadas de áreas específicas, como contraterrorismo, defesa de espaço aéreo e marítimo e a proteção de estruturas estratégicas (como unidades de telecomunicações, transportes e de distribuição de energia), em que é necessário poder de polícia.
O general Manoel Lopes de Lima Neto, chefe da assessoria de doutrina e legislação do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, diz que o manual não foi feito com enfoque em nenhum evento específico e que não poderia falar sobre a Copa do Mundo.
Já o Ministério da Defesa diz que “não pode avisar se vai ter GLO antes” para a Copa do Mundo. O manual de GLO foi publicado no Diário Oficial da União em 20 de dezembro, mas divulgado ostensivamente em janeiro deste ano pela pasta.

Forças oponentes
Moradores são revistados pelo Exército no Alemão (Foto: Liana Leite/G1)
No Alemão, no RJ, moradores eram revistados
por soldados (Foto: Liana Leite/G1)
O manual não usa o termo “inimigo”, mas cita como “forças oponentes” “organizações e movimentos” e “pessoas ou grupos que atuam infiltrados (...) provocando ou instigando ações radicais e violentas”.
Lima Neto nega que os casos se refiram a movimentos sociais ou outros específicos, como os que provocaram atos de vandalismo durante os protestos que ocorreram durante a Copa das Confederações.
As outras duas “forças oponentes” citadas são “quadrilhas de traficantes de drogas, contrabandistas de armas” e “indivíduos ou grupo que se utilizam de métodos violentos para a imposição da vontade própria em função da ausência das forças de segurança pública policial”.
O texto inova ao trazer ostensivamente os termos “contra-inteligência” e “operações psicológicas”, que são usados em guerras e intervenções militares, como as que os Estados Unidos fizeram no Iraque e Afeganistão.
Contra-inteligência são táticas para impedir que outros tenham acesso às informações e às comunicações da tropa; já operações psicológicas envolve táticas “para a conquista e manutenção do apoio da população”.
Segundo o manual, cada vez que os militares forem às ruas serão expedidas diretrizes com regras de engajamento específicas, citando as ocasiões em que os soldados poderão atirar. O documento prega atos proporcionais às agressões, a solução de conflitos por meios pacíficos e até a negociação para “persuadir a outra parte envolvida, apresentando os benefícios mais relevantes em relação ao ponto de vista defendido”.
G1-montedo.com

Arquivo do blog

Compartilhar no WhatsApp
Real Time Web Analytics