José Meirelles Passos
Na reta final da disputa por um contrato de venda de 36 jatos de combate à Força Aérea Brasileira (FAB), o governo da França - cuja empresa Dassault concorre com o seu modelo Rafale contra a americana Boeing e a sueca Saab - acrescentou alguns itens ao pacote que já havia oferecido ao Brasil. Um deles é a possibilidade de, ao longo do acordo, a Embraer vir a desenvolver uma versão mais moderna daquele avião e, eventualmente, exportá-lo para a própria França.
Tal possibilidade está embutida no fato de que na prometida transferência de tecnologia daquela aeronave, sem quaisquer restrições, estaria incluída a cessão dos seus códigos-fonte - coração e cérebro do avião. São as linhas de código dos programas que controlam tanto o sistema de armas (mísseis e computadores de bordo), quanto os radares, os motores, e superfícies móveis (como os lemes) do caça.
" A FAB terá toda a tecnologia do Rafale, inclusive os chamados códigos-fonte. Com eles ela poderá tanto modificar a aeronave quanto fazer, por exemplo, um Super Rafale "
Essa promessa, mais a garantia de várias outras vantagens, foram apresentadas ao governo por um enviado especial do presidente Nicolás Sarkozy, durante uma discreta visita de dois dias ao Brasil, na semana passada: o almirante Edouard Guillaud. Ele é "chefe do estado maior particular do presidente da República".
- No acordo que propusemos ao governo brasileiro está escrito que a FAB terá toda a tecnologia do Rafale, inclusive os chamados códigos-fonte. Com eles ela poderá tanto modificar a aeronave quanto fazer, por exemplo, um Super Rafale, uma nova versão - disse Guillaud em entrevista exclusiva ao GLOBO. - Tratam-se de especificações técnicas, que vão desde as mais gerais até o último parafuso do trem de pouso. Isso se chama cessão de segredo industrial - insistiu.Leia mais.