6 de fevereiro de 2014

Desmatamento para construção de quartel do Exército provoca protesto de ambientalistas em Campo Grande

Exército desmata área e ambientalista vê fim do "pulmão" da Capital
A área fica na rua Fernando de Noronha, atrás do cemitério (Foto: Marcos Ermínio)
A área fica na rua Fernando de Noronha, atrás do cemitério (Foto: Marcos Ermínio)
Filipe Prado
O Exército desmatou parte da área, que fica atrás do Cemitério Santo Amaro, para a construção de um novo quartel. De acordo com ambientalistas, a ação não tem licenciamento ambiental, irá acabar com 460 hectares de fauna e flora, que estariam uma área de preservação ambiental.
Ambientalistas da Capital estão indignados com o desmatamento. No entanto, moradores da região acompanham com indiferença a situação. “Eu sei que vão construir um quartel, mas não sei se isso é ilegal ou não”, contou o frentista Wesley Fernando Araújo, 26, que disse ter percebido a obra há três dias.
Quem passa pela rua Fernando de Noronha vê a situação da área. Por uma abertura em meio a mata vê-se um rastro de destruição. Árvores caídas por todo o local, amontoadas por vários pontos.
“Eu acho que isso seria um tiro no pé”, afirmou o presidente da Ecoa (Ecologia e Ação) André Luiz Siqueira. Ele afirmou que para realizar uma obra dessas é necessário autorizações da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), Planurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano) e Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação), mas provavelmente eles não têm essa licença.
Ele comentou que o desmatamento desta área verde trará prejuízos para os campo-grandenses. “Tirar essa área trará prejuízos para Campo Grande, tira qualidade de vida”, disse o presidente da Ecoa.
Para o coordenador do Fórum de meio ambiente e desenvolvimento sustentável de Mato Grosso do Sul, Haroldo Martins Borralho, a situação é absurda. “Quem corta uma árvore em casa pode ser multa em R$ 4 mil até R$ 15 mil, mas porque o Exército não é multado?”, indagou.
“Esse é o pulmão da capital, uma joia, uma preciosidade que não podemos perder”, completou Haroldo. Ele relatou que são 460 hectares de área preservada e afirmou que o exército não tem licença ambiental para desmatar o local.
O local é composto por vegetação do cerrado e, de acordo com Haroldo, vários tipos de árvores como guavira serão perdidas. Ele também afirmou que a região possui muitos tatus e é ponto de chegada e partida de aves migratórias.

CMO
De acordo com a assessoria de imprensa do CMO (Comando Militar do Oeste) será construído o 9º Batalhão de Comunicações, que foi “devidamente aprovado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis)”. Eles afirmaram que a área desmatada corresponde a 20 hectares.
O desmatamento foi realizado por uma empresa terceirizada e acompanhado por um biólogo e um engenheiro agrônomo. A autorização de supressão de vegetação foi expedida no dia 27 de novembro de 2013, pelo presidente do Ibama, Volney Zanardi Junior. (R. A.)
CAMPO GRANDE NEWS/montedo.com

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