20 de novembro de 2017

Argentina detecta chamadas de emergência do submarino perdido no Atlântico

Tentativa de comunicação “não chegou a se completar com as bases”, segundo o Ministério da Defesa
O submarino argentino desaparecido, em fotografia tirada em 2014.
O submarino argentino desaparecido, em fotografia tirada em 2014. REUTERS
FEDERICO RIVAS MOLINA
Uma janela de esperança se abriu na busca pelos 44 tripulantes desaparecidos a bordo de um submarino argentino no Atlântico depois que o Ministério da Defesa detectou sete chamadas via satélite que se estima serem provenientes da embarcação. A comunicação com as bases “não chegou a se completar e trabalhamos agora para captar a localização precisão do emissor”, informou o Governo argentino. As tentativas fracassadas foram feitas entre as 11h e as 15h deste sábado e duraram entre quatro e 36 segundos. Isso “indicaria que a tripulação está tentando fazer contato”, observou a Defesa.
O Governo da Argentina atua com a ajuda de uma empresa norte-americana especializada em comunicação por satélite para analisar os dados que possibilitem definir a localização dos sinais e, eventualmente, o resgate dos tripulantes. Em mensagem no Twitter, o ministro da defesa, Oscar Aguad, não escondeu seu entusiasmo: “Estamos trabalhando arduamente para localizá-lo e transmitimos uma esperança às famílias dos 44 tripulantes: em breve elas poderão tê-los em suas casas”.
A busca pelo submarino se tornou uma causa nacional. A principal hipótese da Marinha é que a embarcação teve algum problema elétrico e por isso perdeu sua capacidade de comunicação. Foi descartada, até agora, a hipótese da ocorrência de um incêndio a bordo; acredita-se que o ARA San Juan ainda está em movimento, navegando em direção ao deu destino, como prevê o protocolo em casos assim. As chamadas via satélite corroboram essa hipótese. “Não se tem nenhum sinal grave do submarino. Ele simplesmente parou de se comunicar”, disse o porta-voz da Marinha argentina, Enrique Balbi. Quando emitiu as suas últimas coordenadas, a embarcação estava realizando operações de controle de pesca clandestina a cerca de 400 quilômetros da costa, na altura do Golfo San Jorge, entre Puerto Deseado e Comodoro Rivadavia, na Patagônia argentina.


A Marinha já perscrutou a superfície de 80% da região onde a embarcação poderia estar, até o momento sem êxito. Para isso, utilizou duas corvetas, um destroier, um avião Tracker e um B-200 de vigilância. Além disso, aceitou a ajuda oferecida pelos Estados Unidos, Reino Unido, Chile, Brasil e Uruguai. O Governo de Donald Trump enviou de El Salvador um avião marítimo P-84 Poseidon, preparado para “apoiar um amplo leque de missões em grandes volumes de água, incluindo operações de busca e resgate sob a superfície”, segundo nota divulgada pelo Comando Sul.
A situação emergencial impôs até mesmo um parêntese nas divergências diplomáticas entre a Argentina e o Reino Unido em relação à soberania das ilhas Malvinas: Londres enviou à região das buscas um Hércules que fica baseado no arquipélago. Em comunicado, a Marinha Real britânica anunciou, além, disso, o envio do quebra-gelos HMS Protector, que fica estacionado nas ilhas Georgias do Sul. “Estamos avançando o mais rapidamente possível para a região das buscas”, afirmou seu capitão, Angus Essenhigh.

Longa espera em Mar del Plata
Argentina detecta chamadas de emergência do submarino perdido no AtlânticoAs redes sociais se transformaram em veículo para amplas correntes de orações pelos 44 marinheiros. Até mesmo o papa Francisco expressou solidariedade com seus compatriotas. Por intermédio do bispo militar, monsenhor Santiago Olivera, o Sumo pontífice expressou “sua fervente oração” e pediu que “se faça chegar a seus familiares e às autoridades militares e civis desse país a sua proximidade neste momento difícil”.
O porto de Mal del Plata, na província de Buenos Aires, destino inicial do ARA San Juan, se tornou um ponto de peregrinação de pessoas que procuram informações, rezam e se apoiam umas nas outras. É o caso de Marcela Moyano, mulher de Hernán Rodríguez, chefe de máquinas do submarino. “É angustiante, uma mistura terrível de sentimentos, embora todas as famílias saibam que os tripulantes são muito experientes. Quero meu marido de volta”, disse Moyano à jornalistas. Alfredo, pai de Franco Espinoza, também membro da tripulação, disse ter tido conhecimento dos problemas na embarcação “ouvindo o rádio”. “Nunca vivenciamos uma incerteza como esta. Eu falei com o meu filho antes da viagem e ele não comentou nada sobre problemas ou alguma coisa esquisita na embarcação”.
O ATA San Juan é um dos três submarinos que a Marinha argentina possui. Fabricado em 1985 na Alemanha, tem propulsão elétrica a diesel convencional e carrega a bordo 960 baterias. Entre 2007 e 2014, o Governo de Cristina Kirchner efetuou uma revisão no submarino a fim de ampliar a sua vida útil por mais 30 anos.
EL PAÍS/montedo.com

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