RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO
O comando da Marinha teve de tomar decisões corajosas, como aposentar o porta-aviões São Paulo. Era o maior navio da esquadra e foi fundamental para a Marinha voltar a operar aviões comuns -em contraste com helicópteros.
Mas reformar e modernizar o São Paulo, que tem mais de meio século, custaria uma fortuna. Por sorte, veio da França uma solução: o Bahia, navio anfíbio capaz de operar helicópteros e embarcações de desembarque, transportar fuzileiros navais, além de ter um hospital a bordo.
Acima de tudo, de acordo com o comandante da Marinha, almirante de esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira, o Bahia é "multipropósito": serve para a guerra e para missões humanitárias. Um navio britânico ainda mais capaz foi avaliado pela Marinha, segundo ele. Resta saber se haverá verba para mais uma "compra de ocasião".
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Folha - O Navio Doca Multipropósito Bahia é hoje o mais importante meio naval da Marinha. Qual foi o motivo de ter sido selecionado?
Eduardo Bacellar Leal Ferreira - O NDM Bahia é um dos mais importantes da esquadra brasileira. Embora planejado para operações de alta intensidade, é indicado para as de baixa intensidade, como missões de caráter humanitário e auxílio a desastres. Isso foi preponderante para a decisão em transferi-lo para o Brasil.
A incorporação contribui para que a Marinha amplie a capacidade de operações anfíbias, de comando e controle de grandes áreas oceânicas, de apoio à Defesa Civil e às tropas em regiões afastadas.
Há planos de adquirir outros semelhantes ou mais capazes?
A Marinha enviou pessoal à Inglaterra para uma inspeção técnica no HMS Ocean, mas, no momento, não há decisão quanto à aquisição.
Por que a prioridade da Marinha foi dada a submarinos?
A Política Nacional de Defesa estabelece que a postura estratégica de defesa brasileira deve ser dissuasória.
Por suas características, o submarino é o principal meio naval para essa negação do uso do mar, o que explica a prioridade ao Prosub (Programa de Desenvolvimento de Submarinos), que prevê a construção de quatro submarinos convencionais e um de propulsão nuclear.
Um objetivo do Prosuper (Programa de Obtenção de Meios de Superfície) era adquirir escoltas de cerca de 6.000 toneladas. Isso continua de pé?
Em relação aos navios de superfície, a prioridade atual é produzir corvetas da classe Tamandaré. Entretanto, o Prosuper continua sendo um objetivo da Marinha, que aguarda as condições orçamentárias se tornarem favoráveis para poder implementá-lo.
No portfólio estratégico, isso é parte da Construção do Núcleo do Poder Naval, a segunda prioridade da Marinha –sendo a primeira o Prosub.
Nesse contexto, está em execução um projeto para construir quatro navios-escolta, com significativo poder combatente e grande versatilidade.
FOLHA/montedo.com