31 de dezembro de 2009

APÓS REAÇÃO DOS MILITARES, LULA VAI AMENIZAR PROPOSTA SOBRE COMISSÃO DA VERDADE



Decreto do presidente sobre direitos humanos gerou crise entre ministérios
Quando retornar das férias, no dia 11 de janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinará que sejam feitos ajustes no texto do Programa Nacional de Direitos Humanos, de modo a amenizá-lo para que não gere descontentamento entre os militares.
Informado de que o texto divulgado não representava um consenso de todas as áreas do governo e havia sido contestado pelos comandantes das Forças Armadas, Lula mandou informar que pedirá para que o texto seja alterado.
Nesta terça-feira (29), o R7 adiantou que decreto do presidente publicado no dia 22 gerou discordâncias entre os ministros Nelson Jobim (Defesa) e Paulo Vannuchi (Direitos Humanos). Embora neguem, ambos ameaçaram deixar o governo - Jobim por causa do decreto e Vannuchi por um possível recuo, que agora deve se tornar fato.
O principal ponto de discordância dos militares é quanto à abrangência da ação da futura Comissão Nacional da Verdade, a ser criada em projeto do governo que será enviado ao Congresso Nacional. Os militares interpretaram o texto do programa como uma forma de limitar a atuação desta comissão aos fatos e personagens envolvidos apenas na repressão militar durante o período da ditadura de 1964 a 1985.
Os militares querem incluir todos os envolvidos nos “conflitos políticos” daquela época, incluindo grupos armados da esquerda. Na área militar, teme-se que o trabalho da comissão e o próprio projeto a ser mandado ao Congresso alterem a Lei de Anistia, de forma a punir ex-integrantes do regime acusados de tortura. Eles querem que essa atuação fique restrita à “recuperação histórica”, e não a reparações. O presidente, entretanto, não deu detalhes sobre quais pontos do texto vão ser modificados.
O ponto de vista dos militares foi levado ao presidente Lula pelo ministro da Defesa, Nélson Jobim, logo após a solenidade em que Lula e boa parte do Ministério lançaram o novo Programa Nacional de Direitos Humanos. Jobim, segundo militares que acompanharam o episódio, estava disposto a sair do governo, mas foi informado pelo presidente que a divulgação do texto não passara de um mal entendido.
Segundo o Programa Nacional de Direitos Humanos, a Comissão da Verdade terá as seguintes funções: requisitar documentos públicos e privados; reconstituir a história dos casos de violação de direitos humanos e dar assistência às vítimas; localizar e identificar corpos e restos mortais de desaparecidos políticos; tornar públicas as estruturas utilizadas para a prática de violações durante a ditadura; e esclarecer as circunstâncias de torturas, mortes e desaparecimentos.

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