Capital militar
Santa Maria terá R$ 500 milhões em investimentos para construir 30 instalações até 2025
Com um dos maiores contingentes do Exército no Brasil, cidade da Região Central se tornará referência na capacitação de tropas (Foto: Fernando Ramos / Agencia RBS) |
Caue Fonseca
caue.fonseca@gruporbs.com.br
Ao longo da próxima década, a previsão é de que Santa Maria receba o equivalente a uma arena da Copa em investimentos militares. No QG do Exército, em Brasília, a subchefia de Política e Estratégia do Estado-Maior detalhou as primeiras estruturas do Centro de Adestramento e Avaliação-Sul (CAA-Sul), um complexo que, funcionando, treinará até 1,5 mil militares simultaneamente.
Um dos comandantes da subchefia responsável pelo planejamento estratégico do Exército, o coronel Carlos José Sinésio compara as 30 instalações a um "jogo de Lego", que será montado módulo a módulo até 2025, somando mais de R$ 500 milhões.
Enquanto uma estrutura análoga será montada na Amazônia para exercícios militares na selva, o centro de Santa Maria respeita a vocação da região para o treinamento de tropas blindadas e mecanizadas. É justamente por já contar com o Centro de Instrução de Santa Maria (Cism) que a cidade foi contemplada com os novos equipamentos. Embora o valor chame a atenção, o principal foco do projeto, segundo o Exército, é economizar.
Ao concentrar os trabalhos com blindados em um centro e substituir estruturas reais por componentes virtuais, poupa-se em munição, combustível, segurança e em danos ambientais.
— Continuaremos a promover exercícios com equipamentos reais, mas, dependendo do armamento, um tiro de canhão pode ter o custo de um carro popular. Isso estimula investimentos no mundo inteiro em tecnologia virtual — explica o coronel Sinésio.
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Simulador Construtivo, o Combater
— O software Combater é um jogo realista de tomada de decisões. A título de comparação, é como um War adaptado ao mundo real. Ele simula conflitos entre forças antagônicas que podem ser um batalhão contra um grupo de guerrilheiros. O software ensina a agir, ainda, em situações como operação humanitária ou controle de manifestação.
— Entre a aquisição de uma empresa francesa e adaptação a realidades brasileiras, o custo é de R$ 13 milhões. A inteligência virtual é o principal diferencial.
— O Combater também permite manipular o tempo, de modo que é possível realizar treinamentos que considerem a oscilação de fatores humanos como a moral de uma tropa e a fadiga. Desta forma, se um ataque for ordenado pelo "jogador" em um dia, ele tem um efeito. Já se for ordenado em um cenário simulado para uma semana depois, quando o cansaço do adversário está nos cálculos do computador, o efeito será outro.
Simulador de apoio de fogo, o Safo
Prédio do Simulador de Apoio de Fogo (Safo), ao lado do Cism, já está em construção e fará parte do Centro de Adestramento e Avaliação (Foto: Fernanda Ramos / especial) |
— A primeira grande estrutura física do Centro de Adestramento já está em construção desde 2012 no Cism e deve ser inaugurada este ano. É o Simulador de Apoio de Fogo, o Safo. O prédio de 4,5 mil metros quadrados servirá para simular exercícios de tiros usando artefatos reais.
— Os cenários em escala real se baseiam em imagens geográficas acrescidas de componentes em resolução fotográfica como edificações, estradas, rios, pontes. O ambiente permite simular operações próprias e inimigas em um campo de batalha com realismo.
— O custo das estruturas, desenvolvidas em uma parceria entre o Exército e uma empresa espanhola, supera os R$ 20 milhões. Além do simulador de Santa Maria, outro Safo está sendo construído na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ).
Simuladores do blindado Guarani
— Ainda na etapa de projeto, o CAA-Sul planeja um simulador em tamanho real do novo blindado Guarani. Como no Safo, o equipamento trabalhará com simulação de respostas virtuais a movimentos reais, como em um fliperama.
— Por ora, os treinamentos para os operadores do Guarani se dão por meio do CBT, software de treinamento baseado em computadores, desenvolvido a um custo de R$ 1,5 milhão pelo Projeto Simuladores — uma parceria do Exército com empresas de programação. Outros R$ 3 milhões foram gastos na compra e aplicação no treinamento de futuros motoristas, operadores e mecânicos.
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