13 de dezembro de 2011

O PODER E DEVER DE INICIATIVA DOS SARGENTOS DIANTE DA ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA

Mesmo tendo ciência que as postagens que não utilizam as palavras “reajuste”, “aumento” e “salário” não são tão visitadas, continuamos a apostar nos artigos de http://sociedademilitar.com, que pretende mostrar que melhorias salariais, profissionais e a humanização dos relacionamentos na caserna podem não chegar tão rápido, mas inevitavelmente chegarão se os militares graduados aumentarem seu nível intelectual, aumentando assim sua capacidade de influir politicamente.
Ainda que a Estratégia Nacional de Defesa recomende que os combatentes devam ser treinados de forma a atenuar as formas rígidas e tradicionais de comando e controle, a ideologia de liderança positiva e consenso permanece ainda travada. Wortmayer (2009), em pesquisa realizada numa tradicional instituição de ensino militar superior, constatou-se que os próprios agentes socializadores (instrutores e professores) se percebem ainda como simples reprodutores da disciplina militar tradicional, e da ideologia do erro zero. As forças armadas, talvez ainda mais do que as ordens religiosas, são as instituições mais estanques à modernização, principalmente quando esta diz respeito aos inter-relacionamentos. Deve-se considerar que o nível de permeabilidade nesse sentido pode ter como conseqüência o sucesso ou o fracasso em uma situação em que se fizerem necessárias A UNIÃO E CONFIANÇA MÚTUA. Em seu livro “Por Um Exército Profissional”, De Gaulle[1]diz:
“O Exército é, efetivamente, por sua própria natureza, refratário às mudanças. Não, certamente, porque o senso do progresso falte a seus servidores, (...) Mas essa largueza de espírito dos indivíduos não impede a cautela coletiva. Vivendo de estabilidade, de conformismo e de tradição, o Exército receia, instintivamente, tudo o que tende a modificar sua estrutura. Além disso, uma hierarquia severa filtra com prudência, por vezes excessivas, os projetos que surgem. Enfim, os hábitos próprios do tempo de paz criam, entre os organismos em que se elaboram as decisões, rivalidades e ciumadas que se opõem às rupturas de equilíbrio.”
O militar, principalmente o subalterno de hoje, além de possuir uma adaptação mais rápida às inovações tecnológicas, freqüentemente tem compreensão mais ampla que seus superiores do que ocorre dentro do seu local de atuação. Seja em uma central de telecomunicações, um navio ou um campo de batalha, a gama de variáveis envolvidas na atividade militar é gigantesca - muito maior hoje do que certamente era no passado - tornando indispensável a descentralização das iniciativas. O que só pode ocorrer em uma tropa que compreende a finalidade das ordens recebidas e se mantém coesa em torno de um objetivo comum. Daí que Janowitz (1967) exalta a introdução da persuasão e esclarecimento como ferramentas importantes para o equilíbrio entre disciplina e iniciativa.
”Houve uma alteração no fundamento da autoridade e da disciplina (...) maior confiança em manipulação, persuasão e consenso grupal (JANOWITZ. 1967).”
"(...) combatente será, ao mesmo tempo, um comandado que sabe obedecer, exercer a iniciativa na ausência de ordens específicas e orientar-se em meio às incertezas e aos sobressaltos do combate - e uma fonte de iniciativas - capaz de adaptar suas ordens à realidade da situação mutável em que se encontra. (ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA. BRASIL, 2009, p. 16).””
O atual desenvolvimento do associativismo entre os militares subalternos é simplesmente uma conseqüência da intelectualização dos oficiais mais jovens e praças, se mostrando plenamente condizente com a Estratégia Nacional de Defesa e com as novas formas de encarar a disciplina militar. Na Europa, em forças armadas de países desenvolvidos, as associações de praças já contam com vários anos de existência, influenciando em decisões que dizem respeito à política salarial, planos de carreira, estratégias adotadas etc. No Brasil a institucionalização dessas associações de militares corre em paralelo, ainda em pequena desvantagem, com a conquista de direitos e garantias individuais da sociedade, e cremos que em um futuro próximo serão consideradas e farão parte da discussão de políticas salariais, normatização e outras decisões de interesse da sociedade militar como um todo.
Sociedade Militar/montedo.com

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