Publicação original: 31/3 (08:54)
Meus caros, há tempos venho pensando em tecer algumas considerações sobre o Quadro Especial do Exército. Não o fiz antes porque o bate-boca sobre o assunto na área de comentários, por vezes, chega a ser deprimente, seja pela ferocidade de muitos, seja pela indigência intelectual de alguns.
Meus caros, há tempos venho pensando em tecer algumas considerações sobre o Quadro Especial do Exército. Não o fiz antes porque o bate-boca sobre o assunto na área de comentários, por vezes, chega a ser deprimente, seja pela ferocidade de muitos, seja pela indigência intelectual de alguns.
Enfim, tomei coragem.
A EsSA e os 'Novos Lamarcas'
Após a deserção de Lamarca, em janeiro de 1969, temendo que novos
guerrilheiros esquerdistas surgissem em suas fileiras, o Exército suspendeu a
formação de sargentos na EsSA entre 1970 e 1976. Nesse período, os graduados
foram formados apenas em unidades de tropa, em pequenos grupos, modalidade que já existia
anteriormente.
Estabilidade como regra
Nessa época, a estabilidade era concedida a militares de
diversas qualificações. Todos os quartéis tinham muitos cabos que ultrapassavam
os dez anos de serviço, prática que foi
interrompida em 1975. A partir de 1976, só estabilizavam os de ‘difícil
formação’, como corneteiros, operadores de comunicações, etc.
Os 'velhinhos' na EsSA
Entre os anos de 1976 e 1981, o limite de idade para
admissão na EsSA foi de 35 anos de idade no ano da matrícula. Isso abriu a
possibilidade para que os chamados ‘cabos velhos’ pudessem prestar o concurso.
Muitos deles foram aprovados e fazem parte das turmas de 1977 a 1982. Aqui, uma
ressalva: tenho colegas de turma que cursaram a EsSA com até 35 anos de idade.
Jamais testemunhei qualquer favorecimento a esses em relação a jovens como eu,
no auge dos meus 20 anos. Os ‘velhinhos’ ralaram muito para conseguir suas
divisas. Segue.
Surge o QE
Já com a decisão de reduzir a idade limite para 25 anos no
concurso de 1982, o Exército criou
o Quadro Especial, em agosto de 1981. Assim, os soldados e cabos
estabilizados com mais de 15 anos de serviço que possuíssem a quarta-série do primeiro
grau adquiriram o direito a uma promoção, a cabo ou terceiro-sargento,
respectivamente. O Decreto
de criação previa, textualmente, “a redução gradual [do Quadro
Especial] mediante transferência para a reserva remunerada, reforma ou
licenciamento, processadas de acordo com as disposições do Estatuto dos
Militares e dos Regulamentos do Exército, ou, ainda, por aplicação de cotas
compulsórias estabelecidas de conformidade com os citados diplomas legais.”
C'est fini
Esta, meus amigos, sem tirar nem por, é a
origem do Quadro Especial. Ele foi criado para compensar a impossibilidade dos
cabos estabilizados cursarem a EsSA. Ponto final.