Por Carlos Chagas
Depois dizem, lá para os lados do PT e do próprio governo, que os militares não fazem falta, que gastam demais e constituem um peso morto no atual processo institucional brasileiro. Não é verdade, nem para os companheiros nem para os detentores do poder político.
Ainda agora os cérebros pensantes do palácio do Planalto (porque ainda os há) imaginam encomendar das forças armadas, através do ministério da Defesa, planos atualizados para a eventualidade de multinacionais do setor petrolífero resolverem furar as profundezas na região além das 200 milhas de nosso mar territorial. Porque através da lei de concessões, empresas estrangeiras podem extrair petróleo na camada do pré-sal brasileiro, auferindo lucros mas pagando taxas. Caso decidam ficar com tudo, no entanto, operando em águas internacionais, qual a nossa reação, com base na evidência de ser contínua a reserva do petróleo abissal.
Nada de prever guerras, apesar delas estarem sempre acontecendo em torno do petróleo, no mundo inteiro. Será necessário, porém, empregar forças dissuasórias na defesa do que reivindicamos como nosso, seja pela descoberta devida á Petrobrás, seja pela proximidade do território nacional.
Não dá para esperar a chegada dos cinco submarinos encomendados à França, que estarão em ação apenas a partir de 2014, muito menos o nuclear, previsto para daqui a vinte anos. Da mesma forma, os 50 helicópteros encontram-se presentemente no papel, e os 36 caças de última geração ainda aguardam a definição final de onde virão, também não antes de três ou quatro anos.
Sendo assim, precisamos atuar com o equipamento de que dispomos, seja da Marinha e da Aeronáutica, seja levando o Exército para a beira da praia, como forma de afirmar presença, preparar e garantir a retaguarda.
Precisam ser dissuadidos quantos pretendam furar poços sem considerações aos nossos direitos e à nossa soberania. O diabo é como enfrentar imaginárias movimentações militares alienígenas, como a da Quarta Frota da Marinha de Guerra dos Estados Unidos, no caso de agirem como sempre agem, isto é, em defesa dos interesses comerciais e estratégicos de seu país. Porque um só porta-aviões americano, entre os vinte que eles possuem, carrega em seu bojo mais aviões de caça do que todas as esquadrilhas brasileiras, e muito modernos. De submarinos nem há que falar, nucleares e convencionais.
Mesmo assim, o governo quer um plano de defesa, encomendado debaixo de todo sigilo. Na hora do aperto, volta-se para as instituições que vem desprezando há algum tempo. Instituições que não faltarão ao dever, é claro, apesar de desconsideradas.