QUEM NÃO TEM BANCADA NÃO TEM NADA!
SEM BANCADA NÃO HÁ SOLUÇÃO!
João Bitencourt*
Gosto de fazer, em meus escritos, uma analogia de fatos reais com os irracionais fatos oriundo do meio militar, e sobre comportamentos deles. Esse nome de agora tem um pouco a ver com o comportamento dos colegas que fazem somente escaramuças, gritam, esperneiam, mas nada de concreto fazem para mudar o "status quo" da família militar. Aliás, esse comportamento e, de um modo geral, o da maioria da sociedade brasileira que chia, grita, reclama dos políticos e administradores públicos, mas se esquecem que somos nós os responsáveis, porque os colocamos lá, e assim agindo, passamos a nós mesmo um atestado de ignorância e incapacidade de reconhecer a nossa culpa, nossa máxima culpa.
Este título o usurpei de um livro escrito por um advogado americano, Abe Fortas, e que li certa vez, um achado em SEBOS, tratando de um caso criminal, a minha área jurídica, no qual era contada a história de um detento americano, negro e pobre que, estando nas imediações de um bar onde se jogava sinuca e ocorrera um assassinato, numa noite, ele acabou sendo preso e acusado do crime que jurava não te cometido. Tudo porque estava no lugar errado, na hora errada! Condenado, continuou a bradar por sua inocência, ao longo de mais de dez anos e, usando do fato que trabalhar na biblioteca da prisão, lia livros sobre direito onde viu que podia pedir por novo julgamento, assim escrevia cartas à Entidade dos advogados daquele país, bem como ao presidente, salvo engano, da Suprema Corte, sempre rogando por uma nova chance e uma defesa boa, pois em todos os pedidos jurava ser inocente.
Tanto bradou que um dia foi ouvido e o então presidente da Corte designou, convocando - lá pode -, aquele que era um dos maiores advogados criminalista dos EUA, Abe Fortas, o qual aceitou a missão, estudou o processo e conversou várias vezes com Gedeão, acreditando na sua inocência. Como resultado, teve um novo julgamento e a verdade apareceu, no processo e na investigação feita novamente, onde revelou que outro era o autor do crime, e ele finalmente foi ABSOLVIDO, terminando seu calvário.
Pois bem! O que isso tem de relação com o que fazem, hoje e sempre, os militares sobe suas situações de baixos salários, sucateamento das FFAA, falta de verba para investir na tropa, de comida nos quartéis, e de dinheiro no fim do mês, quando o salário curto e defasado da realidade sócio-econômica das outras classes trabalhadoras, lhe aperta o sapato. TUDO!
Gritam, esperneiam, imploram, se mal dizem, culpam os governantes e superiores, mas não se culpam preferindo nada fazer de concreto e ficam lamentando pelos alojamentos da vida, ou, de vez em quando, fazendo isso por e-mail, no meio, mas nunca procuram agir, ir à luta, se reunir e unir para juntos, sendo fortes, tratarem de traçar uma linha de ações ou ações para, dessa forma, como fez o preso americano que bradou, lutou até ter uma resposta, como teve, diferentemente, calam e consentem como o estado de coisas que os afligem, num estado de letargia e leniência - isso a maioria - que chega a revoltar os poucos de brigam e lutam para mudar esse entorpecimento que habita corroendo as mentes daqueles incautos que ainda acreditam que tudo cai do céu e que sem lutar vão receber dádivas e que seus comandantes serão seus porta-vozes e defensores, porque assim é na vida militar e nada tem que mudar, em pleno século 21. Esperam um milagre ou mesmo um salvador vindo não sabem da onde para resolver seus problemas, para os quais nada fazem, a não ser se fazerem de vítimas, sempre a espera de um messias.
Vejam dentro desse contexto que, um colega do tempo de FAB, para exemplificar esse comportamento, essa semana me enviou, por e-mail: “O DESABAFO DE UM SUBOFIAL DA FAB”. Só lamúrias como a maioria faz, e o pedido da volta dos militares ao Poder, coisa do passado, como se essa fosse à solução para os males que afligem os militares!
Outro amigo, do EB, me saiu com um convite para ir a um pretenso encontro do hoje governador do Rio de Janeiro, Pezão, com mais alguns, onde iriam, ou irão, segundo disse, pedir ajuda desse governante estadual para apoiar um candidato militar aqui, acreditando que isso é possível, sem se dar conta de que essa é uma missão inglória, porque dificilmente acontecerá o encontro e o apoio. Até porque quem pretendem representar, e a que título vão se apresentar, ou que Entidade dirão representar - Clube de graduados ou oficiais, etc., para se arvorarem falar em nome da família militar?
Isso me lembra no ano passado, um grupo dessas Associações de familiares de Militares que aparecem como guanxuma (erva daninha) no quintal, o qual dizia, na internet, que iria pedir audiência ao Ministro da Defesa, para tratar de aumento dos militares - salários, gratificações, etc. Um devaneio!
Os "inventores" dessas escaramuças, arruaças, marchas, etc., esquecem dois princípios básicos da vida militar, que são a hierarquia e a disciplina, coisas basilares da caserna e que, para tal - mesmo que não façam e não fazem -, têm os comandantes das FFAA, na cadeia hierárquica e que o Ministro, certamente, jamais os receberia, por todos esses princípios, mas principalmente porque, os idealizadores das pretensas proezas, não podem falar pela classe, como queriam, ou querem. Seria a inversão de valores e dogmas da caserna, receber subalternos ao invés dos Comandantes para tratar de assuntos das pastas! Uma idéia sem "eira nem beira", tão fantasiosa quanto delirante!
O que é preciso, em verdade e tenho clamado por isso há anos, assim como outros colegas, já que tenho exortado a classe desde 1986 é a reunião, união e trabalho de todos, sem graduação ou posto, pela formação da nossa BANCADA FEDERAL no Congresso, coisa possível e factível, e vejo que "prego no deserto", porque a maioria, para essa empreitada, faz "ouvidos de moco", teimando em reclamar, se lamuriar e, na realidade, nada fazer de prático e objetivo, sempre esperando por milagres ou um defensor dos fracos e oprimidos, que nunca virá.
É de se perguntar, por oportuno, depois de o MONTEDO ter exortado, diariamente, os colegas para que transfiram seus títulos de eleitor e de seus familiares para o local onde estão residindo, hoje, afim de que votem em candidatos militares no próximo pleito, assim como, da mesma forma, o amigo Roberto Alves também há anos conclama-os a se engajarem nessa luta, para eleger colegas e formar a Bancada Militar no Congresso, quantos efetivamente, hoje, já tiveram esse trabalho e fizeram a sua parte, transferindo seus títulos. Quantos?
Na analogia que faço nos meus artigos, como nesse agora, onde um presidiário americano por anos tocou sua trombeta, fazendo um alarde se dizendo inocente e suplicando por justiça, lutou por seus direitos até vê-los reconhecido, e saiu do cárcere livre. Enquanto isso, nossos colegas, há anos, só alardes e lamúrias fazem, mas mesmo assim no meio, em conversas de rodinhas, de alojamentos ou de peladas, e nada além disso são capazes, por medo e insipiência daquilo que podemos, quão gigantes somos como eleitores, num universo eleitoral, em nível nacional, de mais de 5 milhões de eleitores, na família militar, o que nos possibilita fazer, hipoteticamente, uma bancada de 20 ou mais deputados federais.Só no Rio de Janeiro, hoje, temos mais de 600 mil eleitores da família militar, o que nos possibilita eleger de 4 a 6 deputados federais. Um gigante adormecido ou entorpecido! Isso é factível, bastante que disso saibamos nos conscientizemos e lutemos, como fez Gedeão com sua trombeta!
Por fim, é de se lembrar que, no caso verídico e exemplar de Gedeão: quem grita e luta, vence; enquanto quem só grita, como no caso dos militares, e não luta, não tem chances de VITÓRIA!
MAIS DO QUE GRITAR E RECLAMAR, É PRECISO LUTAR, PORQUE NÃO HÁ LUTA SEM CAUSA, NEM VITÓRIA SEM BATALHA!
QUEM NÃO TEM BANCADA NÃO TEM NADA!
SEM BANCADA NÃO HÁ SOLUÇÃO!
*Advogado criminalista e Ex-Sargento da FAB