7 de março de 2018

Julgamento de tenente do Exército acusado de três homicídios é transferido para a Justiça Militar

Ele é acusado de três homicídios triplamente qualificados. Jovens foram entregues para criminosos de comunidade comandada por grupo rival. 
MP informa que vai recorrer da decisão.

Por GloboNews
O julgamento do tenente do Exército, Vinícius Ghidetti, que liderava um grupo acusado de entregar três jovens para criminosos foi transferido da Justiça comum para a Justiça Militar. Ele deveria ter sido levado a júri popular em dezembro do ano passado, dez anos após o crime.
Ele é acusado de três homicídios triplamente qualificados no crime que ocorreu no Morro da Providência, Centro do Rio, em 2008.
A transferência foi decidida pela juíza Caroline Figueiredo, em novembro do ano passado, como mostrou a reportagem exibida pela GloboNews nesta terça-feira (6).
Em sua decisão, a magistrada explicou que se baseou na lei sancionada pelo presidente Michel Temer, que transfere para a Justiça Militar o julgamento de crimes cometidos por integrantes das Forças Armadas contra civis em operações oficiais.
O caso aconteceu em 2008, quando militares do Exército reforçavam a segurança do Morro da Providência, no Centro, para a realização de obras do programa Cimento Social, do Governo Federal. Ao voltarem de um baile funk, três moradores foram acusados de desacato. Testemunhas contaram que eles foram agredidos pelos militares.
Testemunhas contaram que eles foram agredidos pelos militares. Elas também contaram que os jovens foram levados em um caminhão do Exército para o Morro da Mineira, comandado por traficantes de uma facção rival.
Davi Wilson da Silva, de 24 anos; Wellington Gonzaga Ferreira, de 19 anos; e Marcos Paulo de Campos, de 17 anos, foram torturados e mortos por criminosos.
Em depoimento, o tenente Vinínius Ghidetti afirmou que queria dar apenas um “susto” nos jovens e que não imaginava que eles seriam assassinados.
"Eu não esperava que ele fosse morrer. Porque eu falei, inclusive, só é um susto", disse Vinícius em depoimento.
O processo contra ele chegou a ficar parado entre os anos de 2012 e 2017, porque a defesa alegou insanidade mental. Porém, no ano passado, um laudo mostrou que o militar simulou problemas psiquiátricos e o caso foi retomado.

MP recorre da decisão
O Ministério Público Federal (MPF) recorreu da decisão que transfere o processo para a Justiça Militar. O procurador Jaime Mitropoulos quer que o tenente vá à júri popular na Justiça comum. O recurso será julgado pelo Tribunal Regional Federal.
O procurador afirma que a atitude de Vinícius, que ele chamou de assombrosa, não se enquadra em nenhuma hipótese da lei citada pela juíza. Em entrevista, ele afirma ainda que a lei federal é inconstitucional e contraria posições firmadas pela Comissão de Direitos Humanos da ONU, pela Corte Interamericana e pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos.
Ele encerra o recurso afirmando que "no momento em que se discute a extinção do privilégio, é um contrassenso a instituição de verdadeiro foro privilegiado para julgar um militar que praticou crimes contra civis quando estava a serviço do Exército Brasileiro".
G1/montedo.com

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