8 de março de 2014

Militar: Ordinário, marche!!!

JOÃO BITENCOURT*
Três coisas que envolvem a família militar têm me tirando o sono e, duas delas recentes, que são a formação de um Partido e a candidatura de um militar ao Planalto, a outra com a qual há muito me preocupo e me identifico, a formação da bancada militar no Congresso, sendo que todas me fazem refletir muito e buscar razões para entendê-las, uma vez que me afligem, há muito! As duas primeiras, a formação de um Partido Político, o PMB, coisa que tenho afirmado não se faz necessário e nem é fator vital para os nossos interesses, muito menos com a palavra “militar”, como parte do nome, e o outro que é a insana ideia de lançar o general Heleno como candidato à Presidência da República no próximo pleito que se avizinha, agora em outubro deste ano, e a última, a incessante luta pela formação de uma bancada militar no Congresso, elegendo colegas da ativa ou reserva, mas comprometidos com a causa militar, essa sim tem o meu aval e o meu empenho, e pela qual luto desde 1986, quando lancei essa ideia e outras como o voto dos cabos, soldados e taifeiros e o 13º salário, num manifesto escrito, tendo sido preso por isso, com repercussão nos jornais da época e que me trás problemas até hoje.
Quanto ao Partido, em reiteradas manifestações com colegas e nas redes sociais, via internet, tenho asseverado que além de desnecessário e sem fundamento, serve apenas à outros propósitos e interesses pessoais de alguns coleguinhas, mas nada que seja necessário para a defesa da família militar, pois não é de Partido que precisamos, mas de uma representação oriunda da classe e com legitimidade para lutar pelas causas militares, uma bancada no Congresso Nacional, pela qual poderemos reivindicar e nos fazer ouvir, sempre que necessário, como é o caso de há muito tempo, pois sem representação como as demais classes trabalhadoras, seremos sempre pisados e humilhados, não tendo voz ativa nas decisões do parlamento, principalmente as que nos dizem respeito, abandonados que estamos e jogados à própria sorte.Ter bancada é de suma importância na política de hoje, pois quem tem representação firme e forte, consegue lutar pelas suas causas, haja vista os ruralistas, bancários, os evangélicos e até a comunidade gay, como vemos na mídia.
Quero lembrar que no item partido, temos hoje no Congresso mais de 30 partidos operando e mais 25, como o PMB, buscando registro para usufruir dessa boquinha e se deleitar na mamata, pois com registro, já passa a receber verba do Fundo Partidário e, conseguindo eleger no mínimo três deputados federais, no pleito seguinte, essa verba aumenta e pode sustentar os interessados de ocasião, e nada à família militar. Quanto maior a bancada federal, mais dinheiro do Fundo! Não é por outra razão que no PDT há uma briga de foice entre Carlos Lupi (presidente) e os netos do falecido governador Brizola, tudo para tomar conta dessa grana mole que chega aos partidos, É um engodo criar partido, no nosso caso, tenham certeza!
Já no que diz respeito à candidatura de um militar ao planalto, o propalado general Heleno, mostra bem a insipiência política e de cidadania que campeia na caserna e fora dela, pelos colegas que sequer sabem ou imaginam quão inviável é, pois além de não termos numero suficiente de eleitores, eu digo que somos algo em torno de dez milhões, considerando ativa, reserva, desde o soldado até a mais alta patente, estes multiplicados por cinco, enquanto há quem diga sermos 5 milhões, ele hoje não está habilitado a concorrer, sem filiação partidária. Como somos mais de 120 milhões de eleitores, considerando qualquer dos números citados, jamais conseguiremos eleger um senador por SP, no pleito em que se renova 1/3, quando é necessário mais de 10 milhões de votos naquele Estado. Quem sonha com isso, delira e desconhece os meandros da política e sua legislação!
Ademais, a falta de conhecimento dos tramites eleitorais e do pensamento do eleitor, olvidam-se também, de que a sociedade brasileira não quer milico no poder, no poder central, só os querendo como bucha de canhão e para serem usados para controle das questões sociais, como tem acontecido nos últimos anos: eventos de cunho mundial como ECO 92, controle e retomada dos morros, como aqui no Rio, usando blindados e tropas nossas, mal preparadas, etc . Se enganam aqueles que vêm na boa avaliação das FFAA, enquanto Instituições, o que tem ocorrido nas pesquisas, como sendo um sinal para a ocupação do poder central, pois de lá, nos querem longe!
Afora esse aspecto, que é o principal, o citado general, além de não demonstrar capacidade para exercer tal cargo, perdeu o bonde da história, quando comandava a Amazônia e tinha algum prestígio no seio militar, pois instado a falar num programa de TV sobre a situação e a insatisfação dos militares que clamavam por melhores salários e outras coisas, se fez de desentendido, pensando no cargo e seus benefícios, mas os perdeu porque messe mesmo programa, por duas vezes lá estando, mostrou ignorância sobre o assunto insatisfação da tropa e ainda fez bravatas/denuncias sobre a ocupação da Amazônia por estrangeiros, o que lhe rendeu tempos depois, a perda do comando, a transferência e para o setor de tecnologia da Força em Brasília, para logo depois lhe ser colocado o “pijama”, não sem uma boa boquinha como comentarista de segurança numa TV. Foi o cala-boca e ele aceitou sem chiar, razão porque, perdeu o bonde da história e não o vejo como alguém capaz de liderar “soldados”, mesmo que queira e aceite a incumbência para a qual dizem tê-lo escolhido! Tivesse recusado a boquinha e liderado a insatisfação da classe, seguramente, em 2010, teria sido eleito deputado federal, fácil
Ademais, hoje na reserva, “bem remunerada”, por não estar filiado a um partido antes de outubro do ano passado, mesmo que queiram, ou ele queira, está inabilitado para concorrer ao cargo majoritário. Perdeu novamente o bonde e aqueles que defendem sua candidatura, sequer conhecem a legislação eleitoral, o que é pior, demonstra a insipiência da caserna sobre os assuntos, política e eleições!
Agora no tocante a formação de uma bancada militar no Congresso, coisa que defendo desde 1986, quando ainda na ativa, essa sim sou inteiramente favorável e tenho lutado desde então para que se consiga realizar esse sonho, mas a inveja, o ciúmes, aliado a ignorância dos colegas e a insistência de hierarquizar essa batalha, faz com que nos afastemos de sua realização, pois o milico não consegue se enxergar como um cidadão comum, antes de tudo, e quer colocar na vida civil, a prática da caserna, em tudo que faz e, isso, tem sido decisivo para que após mais de 25 anos, quando iniciei e trouxe a ideia da bancada para o meio, não termos conseguido sequer fazer mais de UM, esse UM que nada faz e que muito perde com suas bravatas, procurou fazer a sua “bancada”, a da família, ignorando o anseio e a necessidade da classe de uma representação no Congresso, que urge e não pode mais esperar. Também estamos perdendo o bonde da história, no que diz respeito à bancada militar no Congresso e penso que, a continuar assim, não viverei para ver este sonho e necessidade realizados!
Por fim, quando o assunto é a bancada ou mesmo formação de partido, no nosso caso, lá vem a famigerada hierarquia, mesmo aqui fora, e a chave de galão, o que nos divide, nos levando para campos opostos, duas coisas que arruínam e destroem esse sonho e a possibilidade da construção real de uma representação no parlamento, como classe trabalhadora que somos e merecemos.

QUEM NÃO TEM BANCADA, NÃO TEM NADA!
SEM UNIÃO NÃO HÁ SOLUÇÃO! CREIAM!
Pensem nisso!

*Advogado criminalista e Ex-Sargento da FAB

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