*Análise César Felício
A manifestação do general Eduardo Villas Bôas, em um primeiro momento, gerou mais calor que luz. Seu pronunciamento no Twitter na noite de terça-feira foi interpretado como uma ameaça velada ao Supremo, na véspera da votação do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas o texto era obscuro o suficiente para que se encaixasse em qualquer decisão que o STF tomasse.
O preocupante foi o gesto em si: os militares se colocaram, agora pela voz de um comandante de Força, dentro do debate político. Em tom mais ameno, o comandante da Força Aérea fez a mesma coisa ontem. A decisão sobre cumprimento de pena após a segunda instância tornou-se um tema da caserna.
Villas Bôas atendeu a um chamamento. Para ficar apenas nas últimas semanas, um general de reserva falou claramente em golpe militar e outro, às vésperas de se aposentar, criticou acidamente o presidente da República. A fala do comandante foi para o público externo pela forma, mas para o interno pelo conteúdo.
Jabuti não sobe em árvore, é colocado lá. Depois de três dos últimos cinco presidentes reduzirem o papel político das Forças Armadas - Collor extinguiu o SNI, Fernando Henrique acabou com os ministérios militares e Dilma instalou uma Comissão Nacional da Verdade- Temer o engrandeceu. Começou com a nomeação como ministro do general Sérgio Etchegoyen, que se tornou um importante assessor. Na sequência houve a revisão sobre a legislação sobre o foro dos militares envolvidos em operações de garantia da lei e da ordem. Depois decretou-se a intervenção no Rio. Foi nomeado um general como interino para a Defesa. Temer repolitizou as Forças Armadas.
VALOR ECONÔMICO, via Resenha do EB/montedo.com