17 de agosto de 2009

O RENASCIMENTO DA INDÚSTRIA BÉLICA




Didymo Borges

A indúsria bélica brasileira sofreu uma significativa regressão nestas últimas duas décadas. É que por se tratar de um ramo industrial inteiramente dependente do apoio governamental, as indústrias brasileiras de material bélico passaram a ser relegadas a segundo plano, especialmente a partir do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso.

Como resultado, houve um retrocesso significativo com o fechamento de indústrias que tinham alcançado padrões tecnológicos significativos. Uma das maiores vítimas foi, precisamente, a Engesa que fabricou dois carros leves de combate ainda hoje utilizados pelo Exército brasileiro, o Urutu e o Cascavel. Ainda hoje as ruas de Porto Príncipe, no Haiti, são patrulhadas com veículos de combate fabricados pela Engesa e que levam o dístico UN das Nações Unidas.

O desmantelamento da indústria bélica brasileira tem sido motivo de muitos lamentos por parte da comunidade militar. Não faltaram, por parte dos militares da ativa e da reserva, os comentários desairosos à política do governo petista que até agora não encetou política de renovação material e tecnológica das forças armadas fato que vem sendo apontado como o o principal motivo de desestímulo da ainda incipiente indústria bélica nacional.

Promissoras indústrias como a Bernardini que chegou a participar de licitação para fornecimento de tanques de guerra para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) acabaram por sucumbir devido a falta de incentivos.

Desta forma, pode-se afirmar que a preocupação no primeiro mandato do presidente Lula da Silva com a manutenção do superávit primário - uma política que teve continuidade no segundo mandato - acabou por minimizar os dispêndios com a renovação e evolução tecnológica das Forças Armadas.

Agora surge uma grande oportunidade de se retomar os incentivos à indústria bélica e à modernização tecnológica militar com o acordo com a França. Em primeiro lugar, será feita a aquisição de 50 helicópteros de transporte militar, uma aquisição que será feita com transferência de tecnologia de tal forma que, progressivamente, estes aparelhos de crucial importância na logística militar passem a ser fabricados no Brasil com crescente percentual de nacionalização.

O fornecimento de peças para os helicópteros fazem parte da estratégia da EADS - a grande empresa de material bélico europeu - de transferir para o exterior uma parte da fabricação de componentes visando barateamento de custos. No Brasil, será constituída uma holding, a Engesaer, da qual o grupo europeu deterá 20% do capital e que deverá, conforme anunciado, fabricar satélites para controle aéreo. Segundo está em concepção, o Brasil passará a ser fornecedor de países europeus destes helicópteros numa parceria de grande significado em termos de estratégia industrial-militar.Tudo indica que está sendo concebido um modelo que poderá resultar em bons frutos desde que haja continuidade nos propósitos estabelecidos. Certamente, tratando-se de atividades industriais de grande complexidade tecnológica, será necessário pelo menos uma década para maturação, ou seja, o êxito dependerá da perseverança e firmeza de propósitos. Afinal, os parceiros europeus dependerão de respostas positivas para a consecução da parceria que deverá contribuir para a reestruturação da indústria bélica nacional com um significativo passo à frente no que diz respeito ao nível tecnológico-industrial.
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