8 de fevereiro de 2018

Após mortes, Forças Armadas prendem 23 suspeitos em ação no Rio

Militares na Cidade de Deus (Twitter @PeresPaulinh
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Vinte e três suspeitos foram detidos nesta quarta-feira (7) em uma operação integrada das Forças Armadas e das polícias na Cidade de Deus, na zona oeste do Rio de Janeiro. Segundo a secretaria de Segurança, o objetivo é prender suspeitos procurados. Ainda não há registro de feridos ou mortos. Em razão dessa ação, 12 escolas, quatro creches e cinco Espaços de Desenvolvimento Infantil não abriram as portas, segundo a secretaria de Educação. Até as 12h, 23 pessoas haviam sido encaminhadas para a Cidade da Polícia —18 maiores e dois menores autuados em flagrante ou em cumprimento de mandados de prisão e busca e apreensão. Três suspeitos estão sendo identificados. Foram apreendidos três fuzis e duas pistolas, além de três carros e sete motos, drogas e munição. 
As Forças Armadas foram responsáveis pelo cerco e desobstrução de vias na Cidade de Deus. Também estabeleceram pontos de bloqueio, controle e fiscalização de vias urbanas nos acessos à BR-101, na região de São Gonçalo, e realizaram patrulhamento ao longo do Arco Metropolitano, isso para evitar a fuga de criminosos para outras favelas. 
Conhecida internacionalmente por causa de um filme sobre ela, a Cidade de Deus foi a favela que mais sofreu com tiroteios neste início de 2018. Foram 46, segundo o aplicativo Fogo Cruzado, que mapeia de forma colaborativa a violência armada na região metropolitana do Rio. 
O Rio vive descontrole na área de segurança pública. Em 2017, 6.731 pessoas foram mortas de forma violenta no Estado, uma média de 18 por dia. O número representa um retrocesso de anos. Desde 2009 não é tão alta a taxa de crimes com morte violenta intencional, roubo seguido de morte, lesão corporal seguida de morte e homicídio após oposição à intervenção policial. No mesmo período, 134 policiais militares foram mortos na onda de violência. 
O ano de 2018 segue violento. A última terça (6) foi de pânico na zona norte da cidade, com a morte de duas crianças em episódios diferentes e vias expressas fechadas devido a tiroteios entre policiais e criminosos. Os números do Fogo Cruzado mostram que houve 688 tiroteios em janeiro deste ano, o maior número já registrado desde que a plataforma foi ao ar, em julho de 2016. Houve um aumento de 117% em relação ao mesmo período de 2017. Em média, foram 22 por dia, mais do que a média de 2017, que foi de 16 por dia. A capital foi o município da região metropolitana que mais registrou tiroteios/disparos de arma de fogo (417), seguido de São Gonçalo (69) e Niterói (46). Bairros com favelas conflagradas concentraram a maior parte desses conflitos -Cidade de Deus e Rocinha. Em seguida vem o bairro da Tijuca, onde um garçom morreu baleado enquanto passava um bloco de Carnaval. 
Com salários atrasados e falta de dinheiro para manutenção de veículos e equipamentos para a polícia, o Rio tem sofrido com o crescimento dos índices de violência. A crise também enfraqueceu o projeto das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), que estão passando por modificações, abrindo espaço para novas guerras entre facções de bandidos. Mas especialistas em segurança pública dizem que não é de hoje a tendência de agravamento da situação e apontam um conjunto de fatores para essa deterioração. Para Ignacio Cano, do Laboratório da Análise de Violência, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), políticas bem-sucedidas dos anos iniciais da gestão de José Mariano Beltrame (2007-2016) na segurança pública foram reproduzidas sem avaliações e correções de rumo.
Bem Paraná/montedo.com

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