17 de fevereiro de 2018

Temer anuncia criação de Ministério Extraordinário da Segurança Pública

Após reunião com Pezão sobre a intervenção federal no Rio, o presidente afimou que a nova pasta também vai coordenar ações em todos os estados
Michel Temer e Pezão na chegada ao Palácio Guanabara - Alexandre Cassiano / Agência O Globo
CARINA BACELAR, MARCELA SOROSINI E CATARINA ALENCASTRO
RIO - O presidente Michel Temer disse após reunião com as autoridades estaduais no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, sobre a intervenção federal no Rio, que vai criar o Ministério Extraordinário da Segurança Pública. O presidente afirmou que nova pasta também vai coordenar ações em todos os estados.
— Não vamos parar por aí. Quero criar um Ministério Extraordinário da Segurança Pública, que não vai evidentemente invadir as competências e cada estado, mas vai coordenar as ações de segurança de todo o país. Isso vai acontecer muito brevemente. Na próxima semana, no mais tardar. Já conversei com o presidente da Câmara e do Senado. A reunião foi muito útil. Porque salientei lá que não basta um gesto da União, é preciso uma união de todos esforços. Não sem razão estavam aqui várias autoridades e setores da sociedade para discutir o assunto.
— Nós a decretamos (a intervenção) depois de uma conversa com o governador Luiz Fernando Pezão, que naturalmente concordou com a intervenção e vai prestar toda a colaboração necessária. Foi uma intervenção cooperativa. Seria intolerável continuar com a situação que está no Rio, porque ela cria um problema também para outros estados. Se as coisas desandam aqui, elas também tendem a desandar em outros estados. Nós não queremos isso. Queremos que o Rio de Janeiro, com medidas firmes e seguras, proteja os mais vulneráveis. Não foram poucas as mortes no Rio. Não apenas de policiais, mas de crianças e jovens, lamentavelmente. Queremos dar um fim nisso, e é para tanto é que nomeamos o interventor.
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, considerou "muito positiva" o encontro com o presidente Michel Temer e autoridades fluminenses. Pezão garantiu que todas as entidades deram apoio ao decreto de intervenção federal na área de Segurança Pública.
— Foi ótima (a reunião), muito produtiva, com muitas entidades de classe, ONGs, empresários. (Deram) muito apoio — disse Pezão, em rápida conversa com O GLOBO.
Segundo um participante da reunião, o encontro foi protocolar, e o presidente Michel Temer não entrou em detalhes sobre a operação que será montada. Mas quis dar uma garantia para a equipe que entrará na intervenção, que mesmo que o decreto tenha que ser suspenso para a votação da reforma da Previdência, o pessoal que está trabalhando a partir de agora não será trocado.
— Como forma de dar segurança para a equipe que está entrando, o presidente Temer falou que se precisar suspender o decreto, a equipe será mantida — disse esse participante.
Um dos poucos detalhes dados durante o encontro, foi o de que o Exército entrará em algumas áreas da Região Metropolitana.
Temer e sua comitiva chegaram ao Rio por volta de 12h05m para o enconto, que teve a presença do general Sergio Etchegoyen, do gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, além dos ministros da Justiça (Torquato Jardim), da Fazenda (Henrique Meirelles), da Defesa (Raul Jungmann), do Desenvolvimento Social (Osmar Terra) e o ministro da Secretaria-geral da Presidência da República, Moreira Franco.
Após viagem à Europa, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, reapareceu e também participou da reunião. O governador Luiz Fernando Pezão convidou prefeitos do interior e parlamentares. Também devem vir à reunião entidades como a Defensoria Pública, e a Comissão de Segurança da Alerj.
No entorno do Palácio Guanabara, militares das Forças Armadas, com fuzis e tanques, fazem patrulhamento do perímetro.
Antes da reunião, o chefe da comunicação do Comando Militar do Leste, coronel Frederico Cinelli, disse que ainda não se sabe se o interventor, coronel Braga Netto, vai nomear um novo secretário de segurança e uma nova cúpula para o setor.
Segundo o Comando Militar do Leste (CML), a presença dos militares nas ruas não faz parte da intervenção federal na segurança do Rio, mas devido à presença de Temer na cidade.
De acordo com o CML, as tropas foram deslocadas para pontos estratégicos como parte da segurança presidencial.

INTERVENÇÃO SE TORNOU EMERGÊNCIA, DIZ JUNGMAMM
Antes de embarcar para o Rio, na manhã deste sábado, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que a questão da intervenção federal na Segurança Pública do Rio se tornou uma "emergência". Em conversa antes de embarcar para o Rio, juntamente com Temer, para a reunião sobre a intervenção, Jungmann admitiu que, se necessário, serão editadas normas complementares ao decreto assinado nesta sexta-feira, mas ressaltou que, por enquanto, o governo não pensa em fazer isso.
O GLOBO/montedo.com

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