27 de novembro de 2013

Contraponto à Comissão da (in)Verdade: Bolsonaro cria subcomissão para "defesa das Forças Armadas"

Primeira atividade será audiência pública com o militar que prendeu José Genoino no Araguaia

Por iniciativa do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), foi criada, dentro da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, a Subcomissão Especial para Defesa da História das Forças Armadas na Formação do Estado Brasileiro.
Trata-se de uma tentativa de responder à CNV (Comissão Nacional da Verdade), que apura os crimes contra os direitos humanos cometidos no País no período da ditadura.
Segundo o deputado, que é militar da reserva, “a ideia é ter um espaço dentro da Câmara para falar a verdade sobre os fatos e trazer umas pessoas diferentes para o debate”.
— Ao contrário da Comissão de Verdade, nós convidamos os integrantes deles para vir debater em público. Quando nosso pessoal vai lá depor eles fazem um verdadeiro circo. Eles querem fazer um relatório final para reforçar nos livros de história que eles foram os heróis que livraram o povo de uma ditadura, quando foi justamente o contrário.
No requerimento que justifica a criação da subcomissão, Bolsonaro alega que “é dever dessa Comissão zelar pelas minorias, sendo viável considerar, neste momento, a fragilização institucional das Forças Armadas por sua insuficiente representação no cenário político atual”.
O deputado contesta a falta de representantes das forças armadas na CVN e diz que “a mídia tem massificado a opinião pública contra as instituições militares, transmitindo notícias falsas e distorcidas sobre sua atuação no passado”.
— Todos dizem que não sei quem foi torturado, mas ninguém pergunta por que foi torturado. Não querem nem saber as razões da prisão, se matou ou sequestrou alguém.
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) preferiu não se envolver na polêmica.
— Eu só coloquei em votação e a comissão aprovou. Como teve aquela polêmica no Rio de Janeiro, ele [Bolsonaro] apresentou esse requerimento para que possa acompanhar os trabalhos sem ter seu direito parlamentar cerceado.
Feliciano se refere ao episódio no qual Bolsonaro é acusado de agredir o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). A suposta agressão teria acontecido durante visita de membros da Subcomissão da Verdade, Memória e Justiça à antiga sede do DOI-Codi, no Rio de Janeiro.
Bolsonaro está sendo processado por quebra de decoro parlamentar por conta do incidente.

Audiência Pública
A primeira atividade da subcomissão já está planejada, embora ainda não tenha data para acontecer. Bolsonaro já apresentou requerimento convidando para depor o tenente coronel da reserva Lício Augusto Ribeiro Maciel e o deputado licenciado José Genoino (PT-SP), que está preso por sua participação no processo do mensalão.
A ideia é “debater fatos relacionados à Guerrilha do Araguaia”.
— Quero que eles façam um relato do que foi o Araguaia. Para contar como foi a prisão do Genoino e as mortes que o grupo dele causou, algumas com requintes de crueldade. Ele inclusive está cumprindo pena no regime semiaberto, então pode vir sem problemas.
Também serão convidados a participar da audiência José Carlos Dias e Maria Rita Kehl, membros da CNV.
R7/montedo.com

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