7 de janeiro de 2014

Conflito no sul do AM: "Enquanto não houver diálogo, não tem opção, o pedágio continua", diz cacique ao Comandante Militar da Amazônia

Lideranças indígenas dizem que pedágio vai voltar no Sul do AM
Tenharim se pronunciaram durante visita de comitiva do Exército e MP.
Reserva dos Tenharim é cortada pela rodovia Transamazônica.
O cacique e os generais (Larissa Matarésio/G1 Reprodução: montedo,com)

Larissa Matarésio
Do G1 AM
As lideranças indígenas Tenharim disseram nesta segunda-feira (6) que o pedágio mantido desde 2006 na reserva indígena, localizada no Sul do Amazonas, voltará a ser cobrado. Eles alegam que a taxa de passagem pela Transamazônica (BR-230), que corta a reserva, é “uma compensação por uso de terra indígena” e uma das únicas formas de sustento da aldeia Marmelo. A cobrança aos motoristas que trafegam pela rodovia foi suspensa após protestos no último dia 27 de dezembro, quando populares atearam fogo em instalações dos Tenharim.
Os Tenharim se pronunciaram durante uma visita da comitiva do comandante geral do Exército da Amazônia, o general Villas Bôas, procurador do Ministério Público do Amazonas, José Roque, e outros comandos do Exército. Também estiveram presentes na reunião as lideranças dos Jiahui e Matuí.
O cacique Aurélio Tenharim diz que a cobrança não compensará a morte de quase toda a sua etnia durante a construção da Transamazônica, que reduziu de 30 mil índios para os atuais 800 que vivem na aldeia, mas que é uma forma de sustento. “O governo não leva a sério as nossas necessidades. Enquanto não houver diálogo, não tem opção, o pedágio continua”, ressalta.
O entreposto do pedágio tem data para ser reconstruído. A partir do dia 10 de janeiro a cancela que impede a passagem começará a ser produzida e a cobrança a retorna a partir do dia 1 de fevereiro, segundo as lideranças.
O líder Zelito Tenharim ainda ressalta que as leis indigenistas e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) não favorecem a autonomia indígena. “O índio não pode plantar, não pode vender, não pode produzir o artesanato. Todo projeto sustentável que tentamos implantar na aldeia é barrado. Em contrapartida o governo também não oferece projetos viáveis. O corpo indigenista está ultrapassado. Fica difícil”, relata.

Outros projetos
O general Villas Bôas tentou explicar que este não é o melhor momento para a cobrança recomeçar. “Neste momento a principal preocupação é pacificar a região. Pensando nisso, a reconstrução do pedágio agravaria ainda mais a situação, visto que os moradores do entorno não aceitam a situação. Sabemos que a cobrança é importante para a aldeia, mas temos que pensar em projetos para dar sustentação a longo prazo”, ressaltou.
Durante a visita da comitiva na aldeia, em nenhum momento foi citada a situação que deu início a tensão que se instalou no sul do Amazonas.
O desaparecimento de três homens que viajavam pela BR-230 e foram vistos pela última vez próximo ao pedágio dos Tenharim. A população local, de Humaitá e Santo Antônio do Matupi acusa os índios pelo desaparecimento.
G1/montedo.com

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