9 de janeiro de 2014

RJ: na Vila Militar, o calor é o inimigo

Estação meteorológica instalada do bairro é a que registra as maiores temperaturas da cidade
Um gole no cantil com água gelada alivia a ronda dos soldados da cavalaria, que patrulham as ruas da Vila Militar: recordista de calor (Foto:  Carlo Wrede / Agência O Dia)
ANGÉLICA FERNANDES
Rio - Já imaginou trabalhar em um dos bairros mais quentes do Rio? E se o seu uniforme diário fosse uma farda de mais de dois quilos, que deixa à mostra apenas o antebraço? Na Vila Militar, que abriga a estação meteorológica que registra as temperaturas mais quentes da cidade, esta é a rotina de mais de 18 mil militares. Neste verão, eles já enfrentam dias com a temperatura acima dos 40 graus.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o bairro militar da Zona Oeste é o mais quente do Rio. Das seis estações meteorológicas espalhadas pela cidade — Vila Militar, Realengo, Marambaia, Forte de Copacabana, Santa Cruz e Alto da Boa Vista —, a da Vila é a recordista de temperaturas máximas. Nem o bairro vizinho de Realengo consegue superar o calor. Ontem, enquanto a estação de Realengo marcava 30 graus, a da Vila Militar alcançava os 33.
E quem sofre mesmo são os militares. Para driblar o ‘maçarico’, eles se hidratam com água quase congelada, capricham no filtro solar e procuram sempre a melhor sombra em meio às milhares de árvores. “É desconfortável, mas já estamos acostumados com o calor”, comentou o tenente-coronel Alberto Corrêa, comandante do 11º Batalhão de Polícia do Exército.
Por causa das temperaturas em elevação, desde o início de janeiro, as atividades físicas coletivas ao ar livre foram suspensas. “Temos muito cuidado com a saúde dos militares, para não haver quadros de insolação e desidratação na tropa”, completou o tenente-coronel.
A geografia é a explicação para tanto calor. DE acordo com a meteorologista do Inmet, Marlene Leal, um dos fatores predominantes das altas temperaturas na Zona Oeste é a distância do mar e das baías de Sepetiba e Guanabara.
“A Vila Militar e Bangu sofrem ainda mais por estarem cercados de maciços, o que impede a circulação dos ventos”, explicou a meteorologista.
A tese é mais do que comprovada no dia a dia dos militares. “Parece que estamos dentro de um buraco. É muito abafado”, declarou o soldado do Exército Ângelo Nunes, ontem, enquanto fazia, suando muito, o patrulhamento na porta de um dos 50 quartéis da Vila Militar.

Muita água e um uniforme mais leve para a temporada de verão
Além da água gelada, os militares que dão expediente na Vila Militar disputam outra preciosidade: a sombra. As milhares de árvores espalhadas pelo bairro diminuem a sensação de calor. Basta dar uma caminhada rápida pela Avenida Duque de Caxias para ver dezenas deles disputando uma sombra.
“Não tem vento mas tem sombra, o que já ajuda muito”, conta o tenente-coronel Corrêa. As construções do início do século passado também amenizam a temperatura. “Quem trabalha no interior dos prédios sente uma melhora no calor por conta do pé direito alto, característico das construções antigas”, reforçou o militar.
O uniforme também sofreu adaptações. O coturno que era de couro passou a ser de lona. E a farda está mais larga, para ajudar na circulação de ar. Nas atividades internas, o militar pode ficar apenas com a camisa de malha e calça.
Mas o calor não vai dar trégua no Rio. A previsão é que os termômetros marquem 39 graus hoje. E, pelo menos até sexta-feira, não há sinal de chuva: uma massa de ar quente e seco bloqueia as frentes frias. (R. A.)
O Dia/montedo.com

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