Chamado para servir no Haiti, o soldado Vanute Patreve viveu um drama pouco antes da data marcada para a viagem. Maria Clara, sua filha recém-nascida, tinha um problema no cérebro e uma grande chance de precisar passar por uma cirurgia. Após alguns exames, a opinião dos médicos mudou, e ele resolveu, ainda nervoso, embarcar para a missão em Porto Príncipe. Hoje, com a filha bem de saúde, o militar comemora a decisão. Lutador amador de muay thay, ele conheceu seu maior ídolo no esporte, o campeão de luta livre no MMA José Aldo, que está no país para participar da Jornada Haitiana do Esporte Pela Paz.
Vanute soube da vinda de Aldo para o Haiti semanas antes da chegada do lutador. Ansioso, mostrou vídeos dos combates do amazonense, considerado o lutador do ano em 2010, para todos os outros soldados da Polícia do Exército, onde serve. E esperou. Na hora do encontro, parecia criança em frente ao ídolo.
- Eu vejo os vídeos das lutas dele, tenho todas elas no meu computador. E sempre mostro para todo mundo no batalhão. As lutas dele me motivam a cada dia.
Aldo foi recebido com festa na tenda que Vanute divide com outros soldados. Foi aplaudido, deu autógrafos e se empolgou com a animação do fã.
- Eu não tinha nada, corri atrás de tudo. E no ano passado fui escolhido o melhor lutador do ano, mas sempre me mantive humilde, respeitei todo mundo. Continuo com a mesma vontade de sempre. E encontrar quem admira seu trabalho assim motiva muito.
Na galeria de lutas do ídolo, Vanute diz que a preferida é a vitória contra o lendário Urijah Faber, no ano passado. Tem na ponta da língua as principais características de Aldo no octógono.
- Ele é muito rápido, bom de briga. É afiado demais lá em cima.
Mas o que fez Aldo ganhar a idolatria de Vanute foram as atitudes do lutador fora das disputas.
- Todo mundo que conhece a história dele se motiva sempre. Só a vinda dele para essa missão já mostra isso. Não basta chegar ao topo, tem que manter a cabeça boa, como ele fez.
No fim, o soldado deu uma dica ao ídolo durante a passagem pelo Haiti. E disse esperar pela oportunidade de poder mostrar o que aprendeu com os vídeos de Aldo na prática.
- Nós aqui estamos distantes de tudo, da família, de amigos. Mas o Haiti tem várias missões, e são esses caras aqui (diz, apontando para os outros soldados) que nos fazem enfrentar tudo. Porque uma vez PE (Polícia do Exército), sempre PE – afirma, ajudado pelo coro dos outros amigos.
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